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commodities
União entre Cosan e Shell dá porte global ao etanol
Parceria, acertada em fevereiro, foi assinada ontem pelas duas empresas
Para Cosan, influência política e presença global da parceira europeia contam a
favor do etanol de cana
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A Cosan e a Shell assinaram ontem acordo para criação de uma joint venture que
atuará na produção de biocombustíveis, açúcar e cogeração, além da distribuição
de combustíveis.
A proposta de associação
foi anunciada em fevereiro
pelas companhias, mas a assinatura do contrato -prevista para o fim do mês passado- só ocorreu ontem devido à complexidade da operação, segundo a Cosan.
Com ativos da maior produtora de etanol de cana do
mundo-com 2 bilhões de litros por ano -e da líder mundial em distribuição de combustíveis, a joint venture pode, finalmente, tornar o etanol uma commodity global.
"Acreditamos que o mundo precisa de soluções de
energia renovável, e vemos a
cana como a melhor delas.
Esse é o plano macro desse
negócio", diz o diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz.
Além do aporte de US$ 1,6
bilhão e dos ativos em distribuição no Brasil que a Shell
vai transferir para a joint venture, a influência política da
anglo-holandesa (a segunda
maior petroleira privada do
mundo) deverá contar a favor do etanol brasileiro.
Lutz acredita que a parceira pode atuar no "convencimento da sociedade mundial" -políticos, órgãos reguladores e consumidores-
de que o etanol é uma "solução plausível" para a busca
por combustíveis renováveis
eficientes do ponto de vista
econômico e ambiental.
A associação também deve trazer ganhos logísticos e
de escala, o que possibilitará
que o etanol chegue de forma
mais acessível, no longo prazo, a consumidores de outras
partes do mundo, diz Lutz.
COMBUSTÍVEL GLOBAL
O executivo acredita que
os biocombustíveis podem,
no longo prazo, atingir 10%
da matriz mundial de transporte. Executivos da Shell já
declararam estimativa semelhante para 40 anos.
Por reduzir as emissões de
gases de efeito estufa em
mais de 80%, espera-se uma
ampla aceitação do etanol no
mercado mundial, à medida
que os países sejam obrigados a tornar a sua matriz
energética mais limpa.
O etanol já representa
mais da metade dos combustíveis no Brasil e 10% nos
EUA. "A questão é o quanto
se pode produzir de combustível renovável de forma economicamente viável. E aí eu
acho que o Brasil pode ter um
senhor papel", afirma Lutz.
A parceria terá uma divisão destinada à produção e
outra à distribuição. Nasce
com valor de mercado de cerca de R$ 20 bilhões e receita
próxima a R$ 50 bilhões.
Executivos de Cosan e
Shell já trabalham no planejamento da nova empresa,
mas, para unir estruturas, é
necessário o aval da Comissão Europeia, o que pode
ocorrer em seis semanas.
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