São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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Falta capacidade na indústria para safra recorde de laranja

Retirada do fruto do pé é retardada, o que pode causar perdas

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

A produção recorde de laranja desta safra -a maior dos últimos 15 anos- poderia ser um alívio aos citricultores, não fosse o gargalo da capacidade de processamento de suco nas indústrias.
O parque industrial não está sendo suficiente para dar vazão à toda colheita, estimada em 400 milhões de caixas.
Com isso, a retirada do fruto do pé tende a ser retardada para seguir o fluxo de processamento das indústrias.
De acordo com o diretor da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) Marco Antonio dos Santos, as indústrias estão estabelecendo cotas aos produtores.
O cenário tende a levar a uma perda de 10% de toda a produção do ano, já que o fruto no pé fica sujeito a pragas, ao clima ou à perda de água, o que significa menor qualidade e peso -os produtores são pagos conforme a carga.
Segundo Santos, se no ano passado um caminhão descarregava na indústria no mesmo dia em que chegava, hoje a mesma carga espera dois dias até ser liberada.
Segundo Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), os produtores independentes são os mais vulneráveis, pois os caminhões carregados nos pomares das indústrias têm preferência.
Para Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), o cenário reflete problemas estruturais e conjunturais.
Segundo ele, os últimos grandes aportes do setor foram feitos no início dos anos 2000 na área de logística, investindo em tancagem (reservatórios para estoque) e navios refrigerados para exportação. A última fábrica construída, diz, é de 1994.
"Conjunturalmente é um ano atípico. Estruturalmente, não se investe há muito tempo em fábrica", disse. Como a demanda pelo suco não tende a aumentar, não há perspectivas de que a capacidade instalada melhore no curto prazo, diz Lohbauer.
Mas, de acordo com Gilberto Tozatti, da Gconci (Grupo de Conselheiros em Citrus), do ano passado para cá algumas empresas fecharam as unidades processadoras de suco considerando a baixa produção daquela safra. "Neste ano, a produção recorde surpreendeu a todos", disse Tozatti.


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