São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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ANÁLISE AGRIBUSINESS

Preços elevados no campo capitalizam o agronegócio

GERALDO BARROS
ESPECIAL PARA A FOLHA

As previsões para o PIB brasileiro seguem caindo, mal se segurando acima dos 3% (medido em termos de volume) para 2011. Isso acontece em decorrência das medidas políticas de contenção que vinham sendo adotadas no primeiro semestre e também diante do agravamento da crise internacional.
Como estaria se dando a evolução do agronegócio (insumos, agropecuária, agroindústria e distribuição) diante desse cenário?
O Cepea da Esalq/USP, com o apoio da CNA, avalia a geração de valor do agronegócio sob duas óticas.
Uma é o produto do setor, que mede seu valor adicionado em termos dos volumes produzidos, que são agregados mantendo-se constantes os preços dos produtos e dos insumos utilizados.
A outra é o PIB (ou renda), que conjuga o comportamento do volume aos dos preços reais, que estão em permanente variação sob efeito das forças da oferta e demanda.
O crescimento do produto (volume) é bem-vindo pela sociedade em geral, pois aumenta a disponibilidade de bens nos mercados interno e externo. O crescimento do PIB, por sua vez, beneficia os envolvidos na produção do setor, remunerando melhor tanto patrões como empregados, tanto o capital como os recursos naturais.
Dados preliminares disponíveis permitem projetar expansão de cerca de 2% do produto do agronegócio em relação a 2010, enquanto o PIB deverá crescer perto de 5,8%, devido aos preços reais mais altos tanto de insumos como de produtos.
Entre os segmentos que compõem o agronegócio, o destaque, em termos de volume, vai para o de insumos, cuja expansão pode chegar a mais de 5%. Devido à recuperação de preços, seu PIB poderá vir a avançar mais de 10% em 2011.
Quanto ao segmento agropecuário ("dentro da porteira"), o volume de produção poderá crescer perto de 4%, sendo 4,4% para as lavouras e 3,3% para a pecuária. Já seu PIB (correspondente à renda rural) poderá crescer em torno de 9,5% para o conjunto agropecuário, com cerca de 12% para as lavouras e 6,5% para a pecuária.
Conclui-se que o agronegócio provavelmente terá expansão quantitativa aparentemente modesta -de 2%-, mas que se situa próxima de sua média nos últimos 15 anos. Sua renda (PIB) poderá ter avanço mais expressivo (5,8%), que poderá se mostrar relevante para financiar os altos investimentos para atender às demandas futuras interna e externa por alimentos, fibras e energia.
Já para o próximo ano, a alta mais significativa de renda do segmento primário (9,5%) poderá estimular um aumento mais expressivo da safra 2011/12 do que vem sendo previsto até o momento.

GERALDO BARROS é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.


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