São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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POUPANÇA
Incentivos buscam conter sangria das cadernetas
Bancos tentam segurar os investidores com promoções

RODRIGO FRANÇA
da Reportagem Local

Depois de assistir à saída de R$ 6,46 bilhões das cadernetas de poupança, neste ano, os bancos começam a reagir na tentativa de segurar os investidores e conter a sangria da mais tradicional aplicação do mercado.
"Os bancos estão investindo pesado na tentativa de atrair recursos para a poupança, pois precisam desse dinheiro para financiar o crédito imobiliário", explica Reinaldo Lacerda, diretor de produtos do BankBoston.
A última novidade nessa caça ao poupador é a ausência de cobrança de juros no cheque especial para quem aplica na caderneta. Os poupadores do BankBoston, por exemplo, têm direito a usar por 29 dias um saldo equivalente a 30% do total aplicado na poupança. "Sobre esse valor, não é cobrado nenhum juro durante os 29 dias", explica Lacerda.
O Banco do Brasil também está oferecendo juros menores no cheque especial para quem mantém depósitos em poupança. "É uma forma de compensar a vantagem da liquidez diária que os fundos têm", explica Cássio Marx, gerente da divisão de captação do Banco do Brasil.
A liquidez diária, em vigor desde 2 de agosto na maioria dos fundos de investimento, foi um dos principais fatores que levaram à migração de recursos da poupança para fundos -sobretudo os mais conservadores, como o DI, que acompanha os juros, tem baixo risco e maior rentabilidade.
"A captação dos fundos foi incrivelmente alta em agosto, e boa parte desses recursos saiu da poupança", aponta José Cássio Costa Bariani, diretor da Invest Tracker, empresa que analisa fundos de investimento. A bancária Glauce Fátima de Godói (foto) é uma das antigas poupadoras que, agora, prefere os fundos.
O mês de agosto foi o segundo maior na fuga de capitais da poupança (veja quadro), perdendo justamente para junho, quando o governo anunciou o aumento no redutor da TR (Taxa Referencial), que prejudicou sensivelmente a rentabilidade da poupança. De, em média, 1,2% nos meses anteriores, caiu para 0,75% atuais.
Em novembro, a poupança fechou o mês com captação líquida positiva (depósitos menos resgates), pela primeira vez desde fevereiro.
Por conta dos depósitos do 13� em contas-salário, R$ 326 milhões engordaram o patrimônio da caderneta naquele mês, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança). Em dezembro, esse número continua alto: R$ 777 milhões (até o dia 9).
Com a queda nas taxas de juro, a diferença entre a rentabilidade da poupança e dos fundos conservadores deve ficar menor. "Com juros baixos, a remuneração fixa da poupança, de 6% ao ano, começa a ser significativa", diz Marx, do BB. "Como a poupança não paga CPMF e Imposto de Renda, os ganhos líquidos ficam bem próximos dos fundos, sobretudo para montantes pequenos", completa.


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