São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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FUNDOS
"Rating" cresce em 99 para atender a grandes investidores e deverá atingir o varejo no próximo ano
Avaliação de risco tem "boom" em 2000

LUCIA REGGIANI
Editora-adjunta do Folhainvest

A classificação de risco de fundos promete ter um "boom" no ano que vem, auxiliando o investidor a decidir pelo produto que ofereça a melhor relação entre o rendimento e o tamanho do risco que ele está disposto a correr.
O "rating", como é chamada no mercado essa classificação, começou este ano pelos fundos destinados a grandes investidores, mas está chegando aos de varejo, onde estão os aplicadores miúdos.
A SR Rating já avalia 20 gestores, entre eles Bradesco, Unibanco, ABN Amro e Opportunity. Dois fundos de cada instituição estão sendo avaliados e podem ter suas notas disponíveis na Internet até antes do Natal.
Um investidor mais sofisticado e a ampliação da concorrência no mercado de fundos estão entre os motivos que levaram mais instituições a submeter seus fundos às notas das agências de classificação de risco este ano.
"A partir de março, fizemos muitos contratos para avaliar fundos. Antes, só recebíamos pedidos para "rating" de bancos", diz Regina Nunes, diretora da Standard & Poor's no Brasil.
Também a Fitch IBCA, que analisa fundos de investimento desde 1997, recebeu mais clientes neste ano. "As empresas querem mostrar que se submeteram a uma opinião independente", diz Rafael Guedes, diretor-executivo.
Por enquanto, há muitos fundos sendo avaliados, mas poucos têm suas notas divulgadas, porque é o gestor quem decide se as torna públicas ou não. O método de avaliação e a nota variam de uma agência para outra.
No geral, todas avaliam o risco de crédito, medindo a capacidade que o fundo tem de pagar o que deve, e o risco de mercado, medindo a exposição às alterações das condições de mercado, como taxas de juro e de câmbio, que oscilam ao longo do tempo e têm impacto no retorno do fundo.
Notas altas ou baixas não significam que o fundo seja bom ou ruim. "Elas refletem o risco que o investidor quer correr em relação ao retorno prometido. Até um AAA tem risco, pouco, mas tem", diz Regina Nunes.
A avaliação de risco não termina com a nota. As agências acompanham a variação diária das carteiras dos fundos para verificar se o risco permanece o mesmo.
"Se um fundo promete dar 100% do CDI vai ter nota rebaixada tanto se der 70% como 120%. Se rendeu mais é porque assumiu riscos maiores do que os previstos", explica Paul Bydalek, presidente da Atlantic Rating, que avalia um fundo de renda variável do CCF, mas está se concentrando em dar notas aos gestores.
Também a Moody's mantém seu foco nos gestores de fundos. "É mais do interesse do investidor internacional", diz Christiana Aguiar, diretora da subsidiária da agência para a América Latina, sem descartar sua utilidade para o investidor local de varejo.
"Os fundos podem ter perfis diferentes, mas a forma de atuar do gestor e seu cuidado com o dinheiro do cliente não mudam", argumenta Bydalek.
Como a nota do gestor é um item importante na avaliação de um fundo, a SR Rating pretende divulgar ainda nesta semana uma nova metodologia, mais acessível ao investidor leigo.
"A capacidade técnica e gerencial do gestor, sua atuação ao longo do tempo, sua ligação com um banco, se não mistura papéis do banco com os do fundo, tudo isso entra na nota", explica Sheila Gaul, diretora-executiva da SR.
A nota para o gestor tem o mesmo peso das atribuídas ao risco de carteira e ao de performance do fundo. As três ponderadas resultarão em um "rating" sintético.


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