São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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Risco: aprenda a administrar

Matuti Mayeso/Folha Imagem
Alexadre Villaboim, que quer investir em ações em janeiro



SANDRA BALBI
Editora do Folhainvest

RITA NAZARETH
da Reportagem Local

Você está preparado para viver perigosamente? Pois saiba que o mercado financeiro está afinando seus instrumentos para enfrentar uma nova fase no campo dos investimentos pessoais no início do próximo ano.
"O investidor deverá tomar mais risco, alocando parte dos recursos no mercado de renda variável (Bolsa, derivativos), para melhorar sua rentabilidade, pois a tendência é que o juro real caia", diz Marcelo Elaiuy, diretor da Sudameris Asset Management.
As instituições financeiras vão rever suas famílias de fundos de ações para adaptá-las à nova legislação, que entrará em vigor até 31 de janeiro (leia texto na página 2-3); empresas internacionais de classificação de risco estão passando um pente-fino nas carteiras dos fundos de investimento locais e apontarão os melhores do mercado (leia texto ao lado e na página 2-5).
Alguns gestores já defendem a inclusão de mais papéis do setor privado nas carteiras dos fundos de renda fixa, o que significará aumentar o risco para capturar ganhos maiores do que os proporcionados pelos títulos públicos.
É o caso da ABN Amro Asset Management, que administra os fundos do banco Real. "Recomendamos uma maior exposição ao risco privado e um aumento gradual dos prazos dos papéis da carteira como forma de capturar prêmios (taxas maiores) ainda existentes", diz Alexandre Póvoa, diretor de renda variável da ABN Amro.

Juros e Bolsa
O que está por trás de todo esse alvoroço é a queda dos juros, que vai exigir dos investidores uma maior exposição a investimentos de risco.
Segundo analistas de sete instituições financeiras consultadas pela Folha, os juros começariam a recuar já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no dia 19 de janeiro. Na última quarta-feira, o Copom manteve a taxa em 19% ao ano e o viés (tendência) neutro.
O que vai definir a decisão do dia 19 é o rumo que a inflação tomará no início do ano. "Fique atento aos índices da primeira quinzena de janeiro para decidir o rumo do seu dinheiro", diz Jorge Simino, diretor da UAM (Unibanco Asset Management).
O alerta é válido para investidores como o advogado Alexandre Villaboim (foto), 36, que pensa em investir em Bolsa no início do ano que vem. Suas aplicações estão distribuídas entre a poupança e um fundo de renda fixa.
Segundo Simino, se o custo da cesta básica do Procon e o IPC-Fipe da primeira quadrissemana de janeiro sinalizarem uma alta de preços superior a 0,7% ao mês, dificilmente os juros cairão, e o mercado vai ficar nervoso.
A meta de inflação estabelecida pelo governo para o próximo ano, entre 4% e 8%, não permite que os índices de varejo subam mais que 0,7% ao mês.
Os analistas dizem acreditar no recuo da inflação no começo do ano. "Se isso se confirmar, o Copom reduzirá os juros, e os preços das ações subirão rapidamente", diz Simino. Segundo os analistas, a taxa Selic deve ficar entre 16% e 18% ao ano e, descontando a inflação, entre 9% e 10%.
Esse cenário leva em conta um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) inferior aos 4% previstos pelo governo para 2000. As projeções do mercado apontam crescimento entre 2,5% e 3,5%.
"A fraqueza do consumo interno, por conta da perda de renda, deve impedir o crescimento projetado pelo governo", diz Newton de Almeida, analista da LCA Consultores, que tem como sócios os economistas Luciano Coutinho e Luiz Gonzaga Belluzzo.
O cenário que os analistas descortinam para o futuro vai exigir que você aprenda a administrar o risco. Nesta edição, você vai encontrar recomendações de carteiras por faixa etária. "A cada etapa da vida, o investidor define o risco que quer correr", diz Roberto Lara Nogueira, diretor do Plural Fundos de Investimento.
Você também vai conhecer as lacunas que ainda existem na nova legislação de fundos de ações e descobrir como é feito o "rating" (classificação de risco) de fundos, um instrumento que, por enquanto, só atende investidores de peso, mas que já está chegando aos bancos de varejo.


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