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PREGÃO
Ao investir em ações, veja antes a nova composição da carteira do Ibovespa, que foi alterada na semana passada
Ações com liquidez garantem negócios
PAULA PAVON
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores que aplicam diretamente em Bolsa devem ficar de
olho na nova composição da carteira do Ibovespa (Índice da Bolsa
de Valores de São Paulo). Analistas recomendam observar o novo
índice de participação das ações,
pois quanto maior o peso delas no
ranking, maior a liquidez do papel.
A dica vale ainda para aqueles
que não investem em ações, mas
que se animaram a aplicar depois
da queda dos juros nos Estados
Unidos e da perspectiva de redução das taxas no Brasil (leia no
texto ao lado).
Mas, afinal, por que é importante saber a composição do índice?
"O peso da ação no Ibovespa é fator determinante para saber a negociabilidade do papel no mercado", explica Gregório Mancebo
Rodriguez, gerente de corporate
da corretora Socopa.
Suponhamos que você esteja
entrando em Bolsa hoje com
perspectiva de investimento de
médio prazo. Mas, ao longo dos
meses, um aperto financeiro ou
algum outro imprevisto o obriga a
vendar as ações antes do período
determinado.
Aí chegou a hora de colocar a
teoria em prática: se você tiver
ações em carteira que façam parte
do Ibovespa e que tenham um peso significativo na sua composição, maior será a facilidade de
venda do papel.
O investidor Claudio Gaiotti, 36,
afirma que, no ano passado, investiu somente em ações consideradas "blue chips" do mercado.
"Investi em ações com boa liquidez. Neste ano, estou usando a
mesma estratégia", diz.
A composição do Índice Bovespa muda a cada quatro meses. O
cálculo é feito com base no volume financeiro e de negócios dos
papéis nos últimos 12 meses.
Mudanças
"A boa liquidez da ação hoje
acaba gerando um círculo vicioso", diz Rodriguez. Segundo ele,
quanto mais líquida a ação, mais
chance ela terá de se tornar um
papel com grande peso no índice
porque mais investidores irão
comprá-la. "Isso explica o fato de
o índice ser muito concentrado
em alguns setores", diz.
Para se ter uma idéia do grau de
concentração dos papéis do Ibovespa, a Economática, a pedido da
Folha, calculou o quanto representa cada setor na carteira teórica da Bolsa. Resultado: o setor de
telecomunicações representa
37,69% do total. O segundo lugar,
que fica com as ações do setor de
energia elétrica, vem muito abaixo, com 13,32% de participação
no índice (veja tabelas ao lado).
Na composição atual do Ibovespa, o setor de telecomunicações e
o de holdings ganharam um peso
maior. Já os setores de energia elétrica e bancos perderam espaço
no novo índice teórico de ações. O
setor bancário representava
12,44% do índice. Com a mudança, passou a responder por 9,01%.
Mas há uma explicação para o
tamanho da queda. Embora a
maioria das ações de bancos tenham perdido participação no índice, a principal responsável pela
redução foi a ação do Bradesco,
cuja participação passou de 6,2%
para 3,7%.
Essa queda foi provocada pela
cisão entre Bradesco e Bradespar,
que passou a fazer parte do setor
de holdings. Com isso, as holdings tiveram sua participação
aumentada de 2,37% para 3,74%
na nova composição.
"Num ano volátil, como foi o de
2000, é natural que haja concentração de liquidez", diz Mauro
Morelli, superintendente de fundos derivativos do Itaú. "Já num
ano em que a possibilidade de alta
para a Bolsa é mais visível, a tendência é que haja uma melhor distribuição da liquidez entre empresas e setores devido à procura
maior", afirma.
Jorge Misumi, diretor de renda
variável da HSBC Asset Management, observa que a carteira teórica do Ibovespa privilegia somente
ações com boa liquidez. Diferentemente do índice IBX (Índice
Brasil, que abrange as cem ações
mais negociadas na Bolsa), que leva em consideração a liquidez e
também o valor de mercado da
empresa.
"É por isso, por exemplo, que a
Globo Cabo sozinha tem uma
participação no Ibovespa muito
próxima da do setor bancário como um todo", afirma Misumi.
Jorge Kotani, analista de investimentos da Lafis Consultoria, diz
que costuma alertar os pequenos
e médios investidores que privilegiar ações com liquidez é o primeiro passo para ter sucesso em
Bolsa. "É a porta de saída num
mercado volátil", diz.
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