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PLANEJAMENTO
Programe-se para não pagar Imposto de Renda demais e taxas bancárias altas; gastos são significativos
Evite gastar a mais em impostos e taxas
SILVANA MAUTONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pode ser chato, mas é cada vez
mais importante fazer um planejamento financeiro e tributário
dos investimentos. E se esse hábito é mesmo imprescindível, nada
melhor do que fazê-lo no início
do ano, quando não falta disposição para novos projetos.
"Com a estabilização econômica, se tornou mais claro que o impacto dos custos financeiros sobre a rentabilidade dos investimentos não pode ser desprezado", diz o advogado Samir
Choaib, do escritório Choaib, Paiva e Monteiro da Silva.
Não são raras as vezes em que as
taxas cobradas pelos bancos somadas aos impostos consomem
boa parte dos ganhos no mercado
financeiro. E não são raras também as pessoas que pagam mais
impostos do que o exigido por lei.
A primeira recomendação dos
consultores é ficar atento aos gastos com CPMF. Nada de girar o
seu dinheiro de uma conta corrente para outra nem de ficar trocando de investimento.
Escolha com critério a aplicação
financeira mais adequada ao seu
perfil e prazo e só movimente o
dinheiro quando houver necessidade. Lembre-se: a alíquota de
CPMF é de 0,30%, quase a metade
do ganho da caderneta de poupança estimado para este mês.
Ações
Se você está pensando em movimentar diretamente pequenas
quantias no mercado de ações, fique atento para não pagar imposto sem necessidade. Segundo Luiz
Antônio Vaz das Neves, diretor da
corretora Planner, as pessoas físicas estão isentas do Imposto de
Renda sobre o lucro caso o total
de ações vendidas, no mês, não
ultrapassar R$ 4.143,50. Se você
passar R$ 10 desse valor, o IR é cobrado integralmente. Veja ainda
que prejuízos com ações podem
ser compensados, na hora de calcular a base de tributação, com lucros futuros.
Outra recomendação é não se
acomodar numa instituição financeira e, antes de investir em
uma aplicação, comparar taxas.
Um estudo realizado por Rogério Figueiredo, diretor do site
Agrif, mostra, por exemplo, que a
taxa de administração é um fator
que pesa muito na rentabilidade
dos fundos de renda fixa e DI. Os
mais lucrativos sempre têm taxa
de administração baixa. E não
pense que se trata de pouca diferença: em 2000, enquanto alguns
fundos DI e renda fixa chegaram a
dar 18% de rentabilidade no ano,
outros não atingiram 6%.
"Já nos fundos cambiais, de
ações e multicarteira, não há correlação entre ganho e taxa de administração", diz.
Há regras também que permitem "escapar" de alíquotas altas.
Carlo Moratelli, da MCA Consultoria, dá um exemplo. No caso da
contratação de um PGBL (Plano
Garantidor de Benefícios Livres),
há seguradoras que não cobram
taxa de carregamento, alíquota
que incide sobre o valor da aplicação e que pode chegar a 3%.
Como ninguém trabalha de graça, essas seguradoras, para compensar, costumam cobrar taxas
de administração mais altas. "O
que o investidor pode fazer é optar por uma instituição que não
cobra o carregamento e, depois de
dois meses, fazer a chamada
"transferência de portabilidade",
ou seja, migrar para outra seguradora que cobre taxas de administração menores", diz.
Segundo Moratelli, sobre a
transferência de portabilidade
não incide nenhuma taxa, nem
mesmo de CPMF. "Isso vale a pena para aquelas pessoas que não
fazem aportes mensais no PGBL,
mas uma ou duas grandes aplicações no ano", diz.
Imposto de Renda
O planejamento também vale
para a declaração de Imposto de
Renda, afinal a Receita Federal
prevê a possibilidade de abater
sobre a renda tributável algumas
despesas, nem sempre consideradas pelo contribuinte. Entre os
gastos com médicos, o advogado
Henrique Lopes da Silva, do escritório Demarest & Almeida Advogados, cita aqueles com psicólogos, como os de terapia.
Custos com enfermagem e massagem também são dedutíveis,
mas nesse caso é preciso comprovar necessidade médica.
O advogado Samir Choaib dá
outra dica. No caso de pais separados, com filhos, nem sempre
vale a pena para quem possui a
guarda das crianças declará-las
como seus dependentes. Isso porque, se há o pagamento de pensão, esse valor deve ser somado
aos demais rendimentos. Muitas
vezes, isso faz com que o contribuinte passe a pagar uma alíquota
maior de imposto. A alternativa,
nesse caso, é fazer a declaração do
filho separadamente. Isso é possível, mesmo que ele seja menor de
idade. Basta que ele já tenha CPF.
Para quem possui imóveis de
aluguel, Choaib diz que pode ser
mais vantajoso abrir uma empresa e transferi-los para ela. Assim, a
tributação sobre esses rendimentos não seguirá a tabela progressiva do Imposto de Renda, que pode chegar a 27,5%. Ela será feita
sobre o lucro presumido da empresa e irá variar entre 12% e 17%.
Com relação ao PGBL, é válido
lembrar que os resgates de até R$
900 são isentos, desde que a pessoa não tenha outra fonte de renda. Na prática, o que ocorre é que
muita gente faz resgates de até R$
900 e não os declara, porque sabe
que a Receita não tem controle sobre isso. "Ao não declarar, o contribuinte está sonegando", afirma
Choaib. Ele ressalta que nos últimos anos a Receita Federal, em
razão da informatização, passou a
ter uma capacidade muito maior
para o cruzamento de dados. "E
agora, com a provável aprovação
da lei de quebra do sigilo bancário, ela vai poder ir efetivamente
atrás dos sonegadores", adverte.
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