São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Participantes fazem farra do download

CAMPUS PARTY Acampados aproveitam conexão de 5 Gbps para encher seus discos e mandar arquivos para a internet

Fernando Cavalcanti/Divulgação
DISPUTA BEM-HUMORADA
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DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Computador com disco rígido de 500 Gbytes, disco externo com 120 Gbytes de capacidade e conexão de 5 Gbps (gigabits por segundo). Resultado: mais de 460 Gbytes, entre filmes, músicas, games, programas e desenhos, baixados para o notebook de Eduardo Luiz, 22, durante a Campus Party.
O evento, que terminou no último domingo, no pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, foi uma verdadeira farra do download. A conexão provida pela Telefónica -e anunciada como "nunca antes vista no país"- transformou os participantes em máquinas de baixar conteúdo.
De acordo com a Telefónica, o pico de banda foi de 520 Mbytes por segundo para downloads -considerando que uma música em MP3 tem, em média, 3,5 Mbytes, isso significa que os "campuseiros" conseguiam baixar cerca de 149 músicas a cada segundo.
O pico de uploads, ou seja, de conteúdo que os participantes disponibilizavam em redes sociais, sites de vídeo ou outros, foi de 772 Mbytes por segundo. "Os participantes disponibilizaram mais conteúdo do que baixaram para seus computadores, o que mostra um perfil bem diferente da Espanha", disse Ari Falarini, diretor de planejamento e engenharia da Telefónica.

Pirataria
"Baixei coisa para caramba. Enquanto tiver coisa interessante, eu vou baixar. Já nem sei mais o que pegar, mas estou pedindo dicas para os amigos", disse Eduardo, na última quinta-feira. Ele usou BitTorrent, eMule e rede compartilhada com outros participantes.
No entanto, o desenvolvedor de sistemas ressaltou que a conexão não era tão incrível assim. "O máximo que consegui aqui foi 600 Kbps. Em casa, com conexão de 2 Mbytes, faço downloads a 200 Kbps."
O técnico em informática Pedro, 29, chegou a fazer down- loads com velocidade de 1,5 Mbps. "Já tem tanta coisa que providenciei um gravador de DVD. Vou passar tudo para mídia e continuar baixando", disse, no quarto dia do evento.
Com tanto conteúdo em mãos, os participantes não pareciam se preocupar com a pirataria. "Todo mundo que está aqui quer fazer download. Não é ilegal, não estou vendendo, só estou usando para mim", disse Eduardo.
A organização do evento se posicionou contra a prática. "Não defendemos, não incentivamos. É responsabilidade do usuário. Mas a rede é livre, da mesma forma como você a usa na sua casa", afirmou Roberto Andrade, diretor de comunicação e marketing do evento.

Balanço
O software livre, que contou com a presença do guru Jon Maddog Hall, foi a grande estrela da Campus Party, correspondendo a 23% dos 3.300 inscritos. A turma dos games veio em seguida, com 16%. Depois, vieram desenvolvimento (15,5%), música (11%), criatividade (9%), robótica (7%), blogs (6,5%), modding (5%), simulação (4%) e astronomia (3%).
A média de idade dos participantes era 23 anos. A presença masculina foi maciça (77%), mas a de mulheres (23%) também foi significativa -e superior à da última edição na Espanha, a origem do evento, onde garotas são cerca de 15%. No total, 92.779 pessoas circularam pela Bienal.


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