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PREVENÇÃO
Após seguidas invasões de condomínios de alto padrão no final de 2004, moradores investem em proteção
Prédios aumentam gasto com segurança
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os reajustes no valor do condomínio acompanharam a média da
inflação em 2004, mas a preocupação com a segurança começa a
deixar as mensalidades mais caras. "A onda de arrastões ampliou
gastos com profissionais e equipamentos", aponta Cláudio
Anauate, 59, presidente da Aabic
(Associação das Administradoras
de Bens Imóveis e Condomínios).
Hubert Gebara, 68, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP (sindicato de imobiliárias e administradoras), concorda, mas
acha que ainda não é possível dimensionar o quanto o valor do
condomínio aumentou por causa
dessa despesa. "Há prédios que
ampliam o projeto de segurança
em R$ 20 mil. Outros melhoram a
iluminação da entrada ou modificam a guarita", compara.
Guaritas blindadas, câmeras e
seguranças de terno empunhando rádios, que antes eram comuns em portarias de grandes
bancos, agora povoam também
edifícios de alto padrão.
Esse crescimento foi percebido
por empresários do setor. "Desde
setembro, aumentou 30% a procura por sistemas eletrônicos de
segurança na Grande São Paulo",
calcula Fabrício Sacchi, presidente da Abese (Associação Brasileira
das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança).
O Grupo Haganá, que presta
consultoria e elabora projetos de
segurança em condomínios, teve
crescimento de 5% só no mês de
dezembro, segundo o diretor de
planejamento, Chen Gilad.
Para contar com essa proteção,
alguns moradores chegam a pagar até R$ 12 mil mensais de condomínio. Isso geralmente acontece em prédios com um apartamento por andar, com mais de
600 m2 de área útil e pelo menos
quatro vagas de garagem, em zonas nobres da cidade, como Jardins (zona oeste) e Vila Nova
Conceição (zona sul).
Eles correspondem a cerca de
5% dos edifícios gerenciados pelas maiores administradoras. "As
despesas são rateadas entre poucos moradores", explica Angélica
Arbex, 28, supervisora de marketing da administradora Lello.
"A segurança quase dobra o valor do condomínio", calcula José
Roberto Graiche, presidente da
administradora Graiche.
Proteção 24 horas
O aparato de proteção inclui
dois ou mais seguranças internos,
durante 24 horas, além de dois ou
mais fora do prédio, que fazem
uma triagem nos carros que entram. "Pedem para abrir vidros e
porta-mala para verificação", explica Rodrigo Matias, diretor da
administradora Matias Imóveis.
Além dos funcionários, há a
manutenção dos equipamentos,
como câmeras, cercas elétricas e
portas blindadas. "Alguns condomínios têm R$ 250 mil em instalações", diz Matias. "Há salas de
monitoramento que entram em
contato com uma empresa de segurança", lembra Miguel Caram,
vice-presidente da Aabic.
Na Siemens Security, líder de
mercado de monitoramento, as
soluções para condomínios levaram vantagem de dois pontos
percentuais sobre os outros setores (como os de casas e de comércio), que cresceram mais de 12%
entre 2003 e 2004.
Outro fator que eleva o valor do
condomínio em conjuntos de alto
padrão é o nível de sofisticação
elevado. São comuns áreas para
acomodar motoristas particulares, com copa e sala de vídeo, e espaços para lavar carros. As piscinas são aquecidas com caldeiras,
cuja manutenção é cara.
"Gastam-se mais luz e água. Os
apartamentos têm três ou quatro
banheiros", enumera Gebara, que
também destaca a qualificação
dos empregados. "Um gerente
predial [responsável pela administração diária do condomínio]
ganha pelo menos R$ 2.500."
E há ainda a contratação de profissionais como professor de tênis
e personal trainer, que são pagos
por todos os moradores.
Colaborou Elenita Fogaça, free-lance
para a Folha
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