São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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PREVENÇÃO

Após seguidas invasões de condomínios de alto padrão no final de 2004, moradores investem em proteção

Prédios aumentam gasto com segurança

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os reajustes no valor do condomínio acompanharam a média da inflação em 2004, mas a preocupação com a segurança começa a deixar as mensalidades mais caras. "A onda de arrastões ampliou gastos com profissionais e equipamentos", aponta Cláudio Anauate, 59, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios).
Hubert Gebara, 68, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP (sindicato de imobiliárias e administradoras), concorda, mas acha que ainda não é possível dimensionar o quanto o valor do condomínio aumentou por causa dessa despesa. "Há prédios que ampliam o projeto de segurança em R$ 20 mil. Outros melhoram a iluminação da entrada ou modificam a guarita", compara.
Guaritas blindadas, câmeras e seguranças de terno empunhando rádios, que antes eram comuns em portarias de grandes bancos, agora povoam também edifícios de alto padrão.
Esse crescimento foi percebido por empresários do setor. "Desde setembro, aumentou 30% a procura por sistemas eletrônicos de segurança na Grande São Paulo", calcula Fabrício Sacchi, presidente da Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança).
O Grupo Haganá, que presta consultoria e elabora projetos de segurança em condomínios, teve crescimento de 5% só no mês de dezembro, segundo o diretor de planejamento, Chen Gilad.
Para contar com essa proteção, alguns moradores chegam a pagar até R$ 12 mil mensais de condomínio. Isso geralmente acontece em prédios com um apartamento por andar, com mais de 600 m2 de área útil e pelo menos quatro vagas de garagem, em zonas nobres da cidade, como Jardins (zona oeste) e Vila Nova Conceição (zona sul).
Eles correspondem a cerca de 5% dos edifícios gerenciados pelas maiores administradoras. "As despesas são rateadas entre poucos moradores", explica Angélica Arbex, 28, supervisora de marketing da administradora Lello.
"A segurança quase dobra o valor do condomínio", calcula José Roberto Graiche, presidente da administradora Graiche.

Proteção 24 horas
O aparato de proteção inclui dois ou mais seguranças internos, durante 24 horas, além de dois ou mais fora do prédio, que fazem uma triagem nos carros que entram. "Pedem para abrir vidros e porta-mala para verificação", explica Rodrigo Matias, diretor da administradora Matias Imóveis.
Além dos funcionários, há a manutenção dos equipamentos, como câmeras, cercas elétricas e portas blindadas. "Alguns condomínios têm R$ 250 mil em instalações", diz Matias. "Há salas de monitoramento que entram em contato com uma empresa de segurança", lembra Miguel Caram, vice-presidente da Aabic.
Na Siemens Security, líder de mercado de monitoramento, as soluções para condomínios levaram vantagem de dois pontos percentuais sobre os outros setores (como os de casas e de comércio), que cresceram mais de 12% entre 2003 e 2004.
Outro fator que eleva o valor do condomínio em conjuntos de alto padrão é o nível de sofisticação elevado. São comuns áreas para acomodar motoristas particulares, com copa e sala de vídeo, e espaços para lavar carros. As piscinas são aquecidas com caldeiras, cuja manutenção é cara.
"Gastam-se mais luz e água. Os apartamentos têm três ou quatro banheiros", enumera Gebara, que também destaca a qualificação dos empregados. "Um gerente predial [responsável pela administração diária do condomínio] ganha pelo menos R$ 2.500."
E há ainda a contratação de profissionais como professor de tênis e personal trainer, que são pagos por todos os moradores.


Colaborou Elenita Fogaça, free-lance para a Folha

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