São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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MERCADO
Opção é mais econômica que o financiamento; desvantagem é pagar sem previsão de recebimento do imóvel
Consórcio de casa cresce 80% em 3 anos

Luana Fischer/Folha Imagem
Paulo Sérgio Massa entrou em consórcio para comprar uma casa no Planalto Paulista (zona sul de SP)


SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os consórcios estão em franca expansão no mercado imobiliário, apesar de ainda não serem um tipo de compra muito tradicional.
Pesquisa da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios) mostra que o setor cresceu 80% nos últimos três anos, pulando de 34.547 consorciados, em 96, para 62.102, em 99.
A alta poderá ser maior neste ano. Só no primeiro bimestre, foi registrado aumento de 23,6%, em relação ao mesmo período de 99.
O presidente da Abac, Eriodes Battistella, 59, diz que o aumento do número de consorciados é reflexo da desregulamentação que o BC (Banco Central) fez no setor em 97. As alterações, flexibilizando as normas, ainda são pouco conhecidas dos consumidores.
A primeira delas diz respeito ao aumento do número de consorciados por grupo. Hoje, já não há limite no número de inscritos.
Outra mudança é a variação de crédito. No passado, um grupo com crédito de R$ 120 mil só poderia ter associados que pagassem o equivalente; hoje, um associado de R$ 30 mil convive no mesmo grupo do de R$ 150 mil.

Vantagens
A ausência de juros é o fator mais atraente dos consórcios. O financiamento, por mais que a prestação seja sustentável pelo mutuário, tem juros entre 10,5% e 12% ao ano. Isso quer dizer que, quando quitá-lo, terá pago de duas a três vezes o valor inicial.
No consórcio, não. O associado estará pagando o mesmo crédito que contratou, acrescido de taxas que, somadas, dão cerca de 19% do valor total. Ou seja, se ele quiser R$ 100 mil, pagará, no máximo, R$ 119 mil, com correção.
Hoje, a prestação da Porto Seguro para um crédito de R$ 100 mil, em 12 anos, é R$ 852,48.
Na Caixa Econômica Federal, a prestação de um financiamento do mesmo valor, em 15 anos (188 parcelas), pela tabela Price, é R$ 1.105,40. Pela Sacre, que tem prestação inicial mais alta e decresce progressivamente, é R$ 1.430,56.

Desvantagens
O principal ponto contra os consórcios é o fato de o associado pagar sem ter uma previsão de quando terá o imóvel, segundo Dinah Barreto, assistente de direção do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
"Por isso é preciso checar se será possível esperar até 12 anos para ter o bem. Porque esse é o prazo que poderá aguardar o consorciado que não tiver dinheiro para dar um lance e não for sorteado."
O tipo de casa que o consorciado conseguirá comprar também irá mudar, dependendo de quando ele for contemplado. "A casa que hoje custa R$ 30 mil pode custar mais amanhã", diz Dinah.
A essas críticas, o presidente da Abac diz que a desregulamentação do BC fez surgir vários tipos de consórcios de imóveis.
"Nos de compra programada, o prazo de contemplação é determinado de acordo com o lance que o associado pode dar", explica Eriodes Battistella.
Dinah Barreto recomenda esclarecer as dúvidas antes de entrar no consórcio. "Quem desistir no meio só terá o dinheiro de volta no final. E com descontos."



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