São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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NEGOCIAÇÃO

Detalhes do imóvel dados informalmente precisam ser checados

Consumidor deve ponderar "exageros" de corretores

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Valorizar os aspectos positivos do imóvel é lema de todo corretor. O consumidor, no entanto, precisa ter parâmetros para diferenciar o que é só estratégia de marketing e o que são exageros.
Em primeiro lugar, tudo depende do vendedor. Todo bom profissional sabe dosar o esforço para vender o imóvel dentro do limite da sinceridade. Mas existem exceções. E é nesses casos que o comprador deve dobrar a atenção.
Certas vezes, consegue-se ressaltar o lado positivo da compra sem iludir o cliente, mostrando-se um outro ponto de vista. "Se o comprador não gostou dos azulejos do banheiro, por exemplo, o vendedor pode apresentar um orçamento de quanto ele gastaria para trocar o revestimento", afirma um consultor imobiliário.
Outras vezes, basta usar o bom humor. Questionado pelo potencial comprador sobre uma janela que abria para um cemitério, um corretor relata que se saiu com esta: "É melhor ter de olhar daqui para lá do que de lá para cá". Segundo ele, com essas "tiradas", acaba conquistando o cliente.
O problema é quando o consumidor encontra um profissional não muito ético, que pratica, por exemplo, o "overpricing" -informar um valor maior do imóvel para "engordar" a comissão.
Outro truque dos vendedores "espertinhos" é omitir dados sobre reajustes de parcelas ou o prazo de entrega de um apartamento.

Supermercado à vista
A saída é ter documentadas as informações importantes para posterior reclamação. "O que for prometido num folheto publicitário, por exemplo, tem de ser cumprido, mesmo que não esteja no contrato", informa Sonia Cristina Amaro, 37, assistente de direção do Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
Esclarecimentos informais dados pelo vendedor nem sempre são 100% seguros. "Certa vez, um cliente perguntou ao corretor o que seria construído em um terreno ao lado do prédio onde ele comprava um apartamento", recorda o sócio de uma imobiliária. O corretor, em dúvida, respondeu que seria um supermercado de no máximo dois andares. "Algum tempo depois, o cliente ligou para avisar que o "supermercado" já estava no 12� andar", conta.
Uma atitude recomendada ao cliente é dobrar a atenção nos apartamentos vendidos na planta.
Na opinião do presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), José Augusto Viana Neto, 50, "o corretor bem sucedido não esconde nada do comprador, e o próprio mercado tira de circulação o mau profissional". (EDSON VALENTE)

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