São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

Próximo Texto | Índice

URBANISMO

Comissão decidirá uso de recursos destinados à região; construtoras defendem parceria na extensão da avenida

Prefeitura avalia projetos para Faria Lima

DA REDAÇÃO

E DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo mês, uma comissão que reúne a Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) e a Secretaria Municipal do Planejamento de São Paulo, entre outros órgãos, deve decidir o destino dos recursos arrecadados com a operação urbana Faria Lima.
A operação urbana é um mecanismo pelo qual o dono de um terreno, desde que dê uma contrapartida financeira, pode construir ou ampliar um imóvel ou implantar usos e atividades diferentes dos que determina o zoneamento. Mas, segundo a lei, os recursos obtidos devem ser sempre investidos na própria região.
No caso da avenida Faria Lima, a primeira tarefa da comissão será levantar o que foi arrecadado com a operação urbana nas administrações anteriores. Numa segunda etapa, definirá quais as melhorias prioritárias para a região.
Entre os possíveis projetos, está a ligação da avenida Brigadeiro Faria Lima com a avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, passando pela Vila Olímpia. "Mas isso ainda depende de estudos de viabilidade e de custos", diz Maurício Faria, presidente da Emurb.
Bia Pardi, 58, administradora regional de Pinheiros, que abrange a área do possível prolongamento, mantém opinião de que a obra não é prioritária. "Nosso interesse para a região é recuperar o largo da Batata [em Pinheiros, zona oeste", que está degradado."

Reunião de empresários
Mesmo que a extensão da avenida Faria Lima não esteja na ordem do dia da Prefeitura de São Paulo, construtoras e incorporadoras que possuem empreendimentos na região buscam parcerias para tirar a obra do papel.
Esse é o caso da Inpar, que doou para a prefeitura um terreno de 3.800 m2 que dá para a rua Olimpíadas, onde poderia passar o prolongamento. Na parte de trás, a construtora vai erguer um empreendimento que contará com hotel e torre de escritórios.
"Em 99, quando compramos o terreno, pagamos R$ 7 milhões para mudar a legislação de zoneamento de Z2 [predominantemente residencial e algum comércio" para Z4 [permite a construção de até quatro vezes a área do terreno"", afirma Gerson Luiz Bendilati, 43, diretor de incorporações.
A intenção da empresa é se associar a outras construtoras e incorporadoras para ajudar a bancar a obra -a prefeitura arcaria com as desapropriações. Segundo Bendilati, até o fim do mês, deve haver a primeira reunião de cerca de 20 empresários. "Talvez, numa segunda, já possamos convidar um representante da prefeitura."
"Acho importante que a prefeitura esteja aberta a esse tipo de parceria", diz o diretor de incorporações da Inpar. "Quem passa pela Vila Olímpia sabe que o trânsito é complicado e que uma obra desse tipo é fundamental."

Custo alto
Para Faria, da Emurb, os investidores que participam da operação podem ter expectativa e reivindicar que os recursos sejam aplicados na região, mas ressalta que não podem exigir que a verba seja vinculada a uma obra específica.
"Mesmo assim, pode ser uma parceria interessante. Só que talvez sejam necessários mais recursos, pois as desapropriações no local também são caras", afirma.
"Estamos abertos a parcerias, seja com a prefeitura, seja com outras construtoras", diz o diretor comercial da Brazil Realty (grupo Cyrella), Eduardo Coelho Pinto de Almeida, 65. A incorporadora tem dois lançamentos na região.
Na opinião do diretor de atendimento e marketing da construtora Concivil e Estanplaza-Boutique Hotels, Douglas Duarte, 36, que tem quatro hotéis próximos à possível obra, antes, é preciso averiguar a viabilidade do acordo. "O prolongamento traria benefícios à região. Mas a obra tem um custo altíssimo, e não cabe, nem é possível, às construtoras financiá-la."


Próximo Texto: Negociação: Consumidor deve ponderar "exageros" de corretores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.