São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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ECONOMIA

Bancoop já oferece unidades que custam de R$ 100 mil a R$ 648 mil; Coop-Anabb entra em São Paulo neste ano

Cooperativas se voltam para a classe média

Ciete Silvério/Folha Imagem
Em cooperativa, Christiano Oscar comprou apartamento na rua Bela Cintra (Jardim Paulista) e diz que a opção "se encaixou perfeitamente" em seu orçamento


NATHALIA BARBOZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As cooperativas para construir imóveis e comprá-los a preço de custo estão de olho na classe média paulistana. Se antes dedicavam-se a consumidores de baixa renda, hoje lançam empreendimentos de até quatro dormitórios e que chegam a custar R$ 648 mil.
Essa mudança de foco tem a ver com a dificuldade de obter crédito imobiliário. "A classe média é que hoje pode autofinanciar um imóvel", diz Tomás Fraga, 44, diretor da Bancoop, uma das maiores do país, com 100 mil cooperados.
A Bancoop aponta que 70% das 1.500 unidades lançadas em 2005 são voltadas a esse público. Em São Paulo, a maior parte deles tem 70 m2 e uma suíte, mas há imóveis maiores e com coberturas dúplex ou tríplex. Um três-dormitórios custa de R$ 100 mil a R$ 150 mil, e um quatro-quartos, de R$ 180 mil a R$ 200 mil. A maioria fica nas zonas sul e norte.
A Coop-Anabb (cooperativa com 100 mil funcionários do Banco do Brasil) já lançou unidades que custam até R$ 180 mil em Brasília e Salvador, investe em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro e está de olho em São Paulo. "Chegaremos neste ano", afirma a diretora Denise Lopes Viana, 41.
O vendedor Christiano Oscar, 32, recorreu a uma cooperativa para comprar um apartamento na rua Bela Cintra (Jardim Paulista). Ao buscar financiamento, encontrou dificuldades por não poder comprovar renda e porque as incorporadoras faziam exigências como ter um fiador. "A cooperativa se encaixou no meu orçamento. Era o meu número."

Mais barato
Na cooperativa, um grupo de pessoas se junta para financiar a construção de um imóvel e comprar unidades a um preço de 25% a 35% menor do que o das incorporadoras (leia quadro ao lado).
Essa redução é possível porque não é necessário registrar a incorporação e gasta-se menos do que as incorporadoras com publicidade. "A cooperativa não cobra corretagem, não monta apartamento decorado e mantém uma estrutura enxuta", completa Viana.
O valor das parcelas e os índices de reajuste são similares aos de outras modalidades de financiamento. "É de R$ 1.000, em média", diz William Kun Niscolo, 36, diretor de Habitação da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo).
Apesar de considerar a adesão a uma cooperativa um "excelente negócio", o advogado Alvaro Trevisioli, 39, da Trevisioli Advogados Associados, recomenda buscar documentos para saber se a cooperativa é idônea.


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