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Cr�tica Drama

Longa de Cl�udio Assis n�o � feito como simples neg�cio, mas por ter algo a dizer

IN�CIO ARAUJO
CR�TICO DA FOLHA

MANEIRISMO DE FILMAR EM PRETO E BRANCO S� AVIVA O DESEJO DE VER RECIFE EM CORES

Nas primeiras cenas, parece um longa elegantemente europeu: a c�mera passa sob as belas do Recife.

Mas, ningu�m se engane, estamos em um filme de Cl�udio Assis, e esse trajeto serve s� para nos levar �s regi�es desfavorecidas da cidade: ali estar�o os personagens de "A Febre do Rato": pobres, pontiagudos, an�rquicos, como Zizo (Irandhir Santos).

A essas caracter�sticas acrescente-se: po�ticos. � a poesia que parece unir todas essas pessoas e as ideias que ali circulam; � por ela que v�o em busca da libera��o (sobretudo sexual). � isso o que prega o jornalzinho "Febre do Rato", editado por Zizo.

A hist�ria trata da vida feliz de Zizo, que passa por uma transforma��o quando conhece a bela e jovem Eneida (Nanda Costa), que insiste em n�o namor�-lo. Por uma vez, o poeta sentir� com for�a a rejei��o. N�o se entregar�, por�m, � depress�o que as conven��es reservam ao amante rejeitado.

Afinal, nenhuma rejei��o � definitiva: Zizo continuar� lutando por seu amor. E o amor, ao longo da produ��o, estar� lutando por si mesmo, como se verifica pelas brigas e reconcilia��es do outro casal da hist�ria: Matheus Nachtergaele e T�nia Granussi.

O que importa, ali�s, � menos o destino dos personagens do que a tens�o entre barb�rie e poesia.

Isso est� no roteiro, � pontuado por uma dialoga��o forte (e com um fraseado riqu�ssimo), mas se deixa contaminar pela mod�stia dos cen�rios, pela sensualidade dos personagens secund�rios, de maneira que a rudeza desse universo acaba por se afirmar frente ao mundo "normal" como o �nico habit�vel.

Se, ao longo deste s�culo, Pernambuco tem se feito notar como nossa �nica garantia de um cinema relevante -com as devidas exce��es-, "Febre do Rato" n�o foge a essa escrita: � feito porque tem algo a dizer, n�o porque tem um neg�cio a fazer.

N�o ser� no entanto mera mesquinharia indagar porque esse filme de gente rude opta por uma fineza est�tica que o coloca nos limites do esteticismo. Seria uma maneira de compensar os maus modos dos protagonistas?

E por que a filmagem em preto e branco, maneirismo que s� aviva no espectador o desejo de ver essa Recife em cores? Enfim, esse �ltimo item parece fazer parte do alto pre�o que o cinema universal paga pela Palma de Ouro de "A Fita Branca".

FEBRE DO RATO

DIRE��O Cl�udio Assis
PRODU��O Brasil, 2011
ONDE Espa�o Unibanco Augusta, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICA��O 18 anos
AVALIA��O bom

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