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Alma da noite

Novo livro, relan�amentos e filme celebram Edgar Allan Poe, criador do poema "O Corvo" e mestre do terror

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE S�O PAULO

Edgar Allan Poe poderia muito bem ser um personagem de Edgar Allan Poe.

Criador das modernas hist�rias de detetive e mestre do terror psicol�gico, o escritor americano (1809-1849) teve uma vida das mais intrigantes, com direito a um final ainda hoje n�o solucionado.

N�o surpreende, portanto, que centenas de bi�grafos tenham escarafunchado sua vida em tantas obras, com tal min�cia que fariam inveja a C. Auguste Dupin, o c�lebre detetive criado por Poe.

Este ano, mesmo sem nenhuma efem�ride, n�o foge � regra. Em mar�o, o poeta Ivo Barroso lan�ou a terceira edi��o do livro "O Corvo e Suas Tradu��es", an�lise do principal poema de Poe.

Agora chegam �s livrarias "Edgar Allan Poe - O Mago do Terror", esp�cie de romance biogr�fico escrito por Jeanette Rozsas, e "Contos de Imagina��o e Mist�rio", nova tradu��o de algumas das cl�ssicas hist�rias de terror e suspense do autor.

Fora isso, o escritor � encarnado pelo ator John Cusack no filme "O Corvo", que estreou ontem no Brasil.

"Poe permanece muito atual. Ele trabalha com sentimentos muito primitivos, muito �ntimos do ser humano, como o medo e a ang�stia", diz Rozsas, que passou tr�s anos mergulhada nesse universo para produzir "O Mago do Terror".

Neste per�odo, a romancista releu contos e poemas, pesquisou biografias, visitou museus nos EUA e entrevistou alguns dos principais especialistas em Poe.

O resultado, esclarece ela no pref�cio, � narrado em forma de romance, com di�logos inspirados em cartas e documentos, "mas com absoluta fidelidade aos fatos".

NOVEL�O

Rozsas n�o teria mesmo motivos para soltar a imagina��o. �rf�o aos dois anos, renegado pelo pai adotivo, alternando momentos de sucesso a outros de profunda pen�ria, fragilizado pelo �lcool e pela perda das mulheres amadas -a vida de Poe � um novel�o do in�cio ao fim.

Para completar, morreu em Baltimore poucos dias ap�s ser encontrado em uma taverna, em trajes esfarrapados e estado delirante. Em seus �ltimos instantes, chamou repetidamente por um tal de "Reynolds", at� hoje n�o identificado. A causa da morte nunca seria esclarecida.

Era o que bastava para criar o "mito Poe", que conquistaria a Europa poucos anos depois, quando Charles Baudelaire (1821-1867) traduziu o autor para o franc�s.

Desde ent�o, os mais talentosos tradutores j� se debru�aram sobre seus textos. Um pouco dessa saga na l�ngua portuguesa est� no livro organizado por Ivo Barroso sobre "um dos dez melhores poemas de todos os tempos".

Publicado em 1845, "O Corvo" narra o ins�lito e m�rbido encontro entre um homem desiludido e a ave do t�tulo. Interrogado pelo homem, o corvo limita-se a dizer uma �nica palavra, talvez a mais c�lebre da hist�ria da poesia: "Nevermore" (nunca mais).

Barroso reuniu 11 tradu��es do poema, tr�s em franc�s e oito em portugu�s. Curiosamente, apesar de monstros como Machado de Assis e Fernando Pessoa terem se dedicado � tarefa, Barroso diz que a melhor vers�o em nossa l�ngua foi feita pelo quase desconhecido Milton Amado em 1943.

"O Milton foi o mais poeta ao fazer a tradu��o. Descobriu um tom que conservou a emo��o do original", diz.

Foi justamente com esta vers�o que Barroso conheceu o poema, nos anos 1950. Com a obsess�o de um t�pico f� de Poe, dedicou-se ent�o a descobrir todas as demais.

Hoje seu sonho � encontrar uma suposta tradu��o em espanhol feita por Jorge Luis Borges, sob a qual quase nada se sabe. Mais um dentre os muitos mist�rios que envolvem o soturno Poe.

EDGAR ALLAN POE - O MAGO DO TERROR
AUTORA Jeanette Rozsas
EDITORA Melhoramentos
QUANTO R$ 39 (272 p�gs.)

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