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A terceira via das artes

Diretor do Reina Sof�a, Manuel Borja-Villel, inaugura nova fase no museu, com prioridade para o universo ibero-americano

Gabo Morales/Folhapress
Manuel Borja-Villel na Esta��o Pinacoteca
Manuel Borja-Villel na Esta��o Pinacoteca

FABIO CYPRIANO
CR�TICO DA FOLHA

Um dos museus mais importantes da Europa, o Reina Sof�a, em Madri, que tem entre suas obras-primas nada menos que o "Guernica", de Pablo Picasso (1881-1973), vem passando por uma revolu��o.

Desde 2008, quando Manuel Borja-Villel assumiu sua dire��o, o Reina ganhou uma nova e arrojada disposi��o para seu acervo. Pinturas valiosas de Mark Rothko (1903-1970) s�o exibidas ao lado de produtos da ind�stria cultural, no caso o filme "Janela Indiscreta" (1954), de Alfred Hitchcock (1899-1980). "Ambos s�o sobre visualidade", disse o diretor � Folha, numa pausa na montagem da mostra "Lygia Pape - Espa�o Imantado", na Esta��o Pinacoteca.

Ele � um dos curadores da exposi��o -que chega agora ao pa�s, ap�s passar pelo Reina e pela londrina Serpentine no ano passado- que posiciona Pape como uma das principais artistas brasileiras.

Reunir Rothko e Hitchcock faz parte de uma das estrat�gias do espanhol para repensar a fun��o do museu. No caso, ele chama essas jun��es de "microrrelatos".

Com isso, busca estimular novas possibilidades de leitura para o visitante. Assim, um dos grandes expoentes da arte abstrata americana do p�s-Guerra, Rothko, passa a ser associado � espionagem e � Guerra Fria, tem�ticas presentes em "Janela Indiscreta". "� uma ruptura", diz ele.

No entanto, � n�o s� na disposi��o do acervo que o Reina vem sendo transformado mas tamb�m na pr�pria condi��o do colecionar.

Para o diretor, "os museus est�o baseados na ideia de propriedade, de acumula��o". "No mundo atual, quem recebe tamb�m d�, ou seja, o visitante pode recriar a narrativa proposta pelo curador nessas jun��es", explica.

PARTILHA

Para tanto, o diretor engajou o museu em tr�s redes (organiza��es n�o centralizadas de troca de informa��es com pessoas ou institui��es). Uma delas, chamada "Outra Institucionalidade", visa "a ruptura da dial�tica entre privado e p�blico", diz ele. "Existe uma nova categoria que � a do 'comum', a ideia � que tudo volte a todos. E, como � algo novo, n�o h� modelos."

Outra das redes apoiada pelo Reina � o site "Conceitualismos do Sul". Nele, s�o armazenados relatos sobre arte nos pa�ses latino-americanos. Segundo Villel, organiza-se uma "pluralidade de arquivos, em que n�o h� um s� sistema de classifica��o, mas muitos." Com isso, ao inv�s de concentrar informa��es, o museu as descentraliza em regime colaborativo.

A postura � contr�ria � do Museu de Belas Artes de Houston (EUA), por exemplo, que compra documentos de arte latino-americana.

"Entendemos o museu como deposit�rio, um lugar que se conecta a outros", explica.

BRASILEIROS

A mostra de Lygia Pape (1927-2004), inaugurada no s�bado, � apenas uma das muitas mostras de brasileiros com as quais Villel esteve envolvido. "Depois do Guy Brett [cr�tico e curador ingl�s], nos anos 1970, ele � a figura mais importante para a divulga��o da arte brasileira", diz Marcelo Ara�jo, diretor da Pinacoteca do Estado.

Villel, quando foi diretor da Funda��o T�pies, em Barcelona, organizou grandes mostras retrospectivas de H�lio Oiticica, em 1992, e Lygia Clark, em 1996.

Foi a partir da obra deles, no entanto, que o espanhol desenvolveu sua postura cr�tica em rela��o aos museus.

"Os relatos que temos da modernidade s�o euroc�ntricos. Por isso, para se questionar a modernidade, a interpela��o tem que ser n�o europeia", diz. Ao conhecer as propostas de Oiticica, Clark e Pape, que se recusavam a usar termos como pop arte e minimalismo, Villel teve seu momento eureca: "Passei a me interessar pela vis�o estrangeira latino-americana."

No pr�ximo ano, o museu receber� uma retrospectiva do artista Cildo Meireles, com curadoria assinada pelo portugu�s Jo�o Fernandes, que deixou o Museu de Serralves recentemente para trabalhar no Reina.

"O Jo�o inaugura uma nova fase no museu, com prioridade para o universo ibero-americano", diz Villel.

Com isso, o diretor busca uma nova voca��o para o museu: "Identidade, agora, � um fluxo. E essa ideia em fluxo tem a ver com regi�es muito mais amplas do que a Espanha, como o mundo ibero-americano, que inclui a pen�nsula ib�rica e toda a Am�rica Latina".

Leia a �ntegra da entrevista
folha.com/no1063880

LYGIA PAPE - ESPA�O IMANTADO
QUANDO ter. a dom., das 10h �s 18h; at� 13/5
ONDE Esta��o Pinacoteca (lgo. Gal. Os�rio, 66; tel. 0/xx/11/3334-4990)
QUANTO R$ 6 (gr�tis aos s�bados)
CLASSIFICA��O classifica��o n�o informada

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