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Grande retrospectiva mostra pot�ncia crom�tica de Chagall

Com 150 obras em dois museus de Madri, mostra foca artista que n�o se enquadrou em nenhuma vanguarda

Judeu russo que se radicou em Paris, Chagall pintou seres fant�sticos e teve pleno dom�nio das cores

SILAS MART�
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Em intervalos curtos de tempo, na virada para a d�cada de 1920, Marc Chagall pintou uma casa cinza e depois uma azul. Tr�s d�cadas depois, mergulhou o mundo em tons azulados e, mais tarde, em vermelho sangu�neo.

Toda a pot�ncia crom�tica do artista russo, que morreu aos 97 anos em 1985, aparece com for�a na primeira retrospectiva dedicada a ele na Espanha. A mostra est� dividida entre os espa�os Thyssen-Bornemisza e a Funda��o Caja Madrid.

Nas 150 obras espalhadas pelos dois museus, fica claro como Chagall arquitetou um universo paralelo em sua trajet�ria e teve pleno dom�nio da cor. Sobrevivente das duas grandes guerras do s�culo 20, o judeu russo que se radicou em Paris n�o se enquadrou em nenhuma vanguarda e expurgou em telas on�ricas os horrores do qual foi testemunha.

J� no come�o da carreira, anos antes da Revolu��o Russa - que levou, por tabela, � renova��o do pensamento pl�stico naquele pa�s -, Chagall rompeu com o construtivismo de Kazimir Malevitch (1878-1935) e flertou com proposi��es impressionistas e expressionistas, distante da tradi��o judaica que n�o permitia a figura��o.

VACAS E AMANTES

Logo suas vacas e amantes, temas constantes em sua obra, passam a flutuar em planos surreais. Vilas como Vitebsk, onde nasceu, foram reconfiguradas em cores vibrantes, rotas incertas e escala distorcida, como se as dimens�es de tudo o que retratava dependessem de uma esp�cie de hierarquia afetiva.

Desse jeito, uma vaca enorme pode guardar um casal de amantes no flanco; a figura de um anjo, plasmada a partir das telhas vermelhas das casas de uma vila, pode se debru�ar sobre uma cidade.

S�o seres fant�sticos que desfilam por alegorias de cor intensa. Azul e vermelho dominam muitas de suas composi��es. H� o contraste entre o sono profundo de casais apaixonados, que parecem se perder nas nuvens, e paix�es faiscantes em terra, com flores, sol de raios rubros e mulheres que aparecem cavalgando galos gigantescos.

UNIVERSO PARALELO

Chagall nunca explicou as repeti��es em seus quadros de galos, peixes, vacas, violinistas, poetas e amantes. Mas suas feras fant�sticas habitam sem conflitos esse vasto universo paralelo, livre dos horrores da guerra e mais pr�ximo do sonhos.

Talvez por isso tenha feito tantas composi��es semelhantes em tons distintos, como se reavaliasse sua vis�o de mundo de acordo com um filtro crom�tico do momento. Algo entre a paz e poss�veis pesadelos.

O jornalista SILAS MART� viajou a convite do Escrit�rio de Turismo da Embaixada da Espanha e da Arco.

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