Cr�tica hist�ria
Viagem �s origens dos jornais brasileiros re�ne novidades
Primeiro livro de trilogia sobre a imprensa no pa�s anuncia obra ambiciosa
De vez em quando algu�m surpreende o mundo editorial com uma obra de f�lego sobre tema que parecia esgotado. � o que come�a a acontecer com o primeiro volume de "A Hist�ria dos Jornais no Brasil", de Mat�as M. Molina, jornalista e historiador que h� alguns anos provoca a curiosidade de estudiosos ao antecipar partes do livro em artigos para a imprensa.
O Brasil l� pouco e tamb�m pouco pesquisa a hist�ria de peri�dicos. Por isso, quando sa�rem os tr�s volumes, Molina deve se sagrar como autor da maior obra sobre o tema. E possivelmente a mais completa: da leitura do primeiro volume, impressiona ver como o passado escondia tantas informa��es da bibliografia at� ent�o existente.
Molina quer ir mais longe. A trilogia que se inicia comp�e a primeira etapa da obra.
O primeiro volume, de 530 p�ginas, vai do descobrimento a meados do s�culo 19 e inclui um ensaio sobre os problemas sociais e econ�micos que determinaram a baixa penetra��o dos jornais no pa�s.
O segundo volume tra�ar� a hist�ria dos di�rios do Rio do final do Imp�rio at� nossos dias; o terceiro volume falar� dos peri�dicos paulistas.
O autor reservou para uma segunda fase grande variedade de temas: jornais dos outros Estados, de economia e esportes, de l�ngua estrangeira, de partidos pol�ticos.
Nascido na Espanha, Molina estudou hist�ria e se tornou jornalista. O casamento das duas voca��es nasceu no livro anterior, "Os Melhores Jornais do Mundo" (Globo, 2008), quando teve a ideia da obra que publica agora.
Dizem que jornais s�o espelho do mundo. Tamb�m a hist�ria dos empreendimentos jornal�sticos reflete a vida de seu tempo. A inexist�ncia de publica��es do descobrimento at� a chegada de d. Jo�o, em 1808, � sinal do absolutismo obscurantista que imperava em Portugal e manteve o Brasil longe das letras.
Sobre esse ponto, eis uma das novidades do livro: ao contr�rio da cren�a repetida por historiadores, Molina mostra a inexist�ncia de proibi��o a jornais e tipografias.
"N�o foi encontrado nenhum documento nos arquivos de Lisboa proibindo a instala��o de tipografias no Brasil no in�cio do per�odo colonial. Se n�o foram instaladas, isso n�o se deveu a restri��es impostas pela Coroa, mas � falta de iniciativa ou talvez necessidade".
Sem tal �dito, pode-se supor o desinteresse sugerido acima. Mas o livro mostra que, quando iniciativa houve, foi reprimida.
� o caso de Ant�nio Isidoro da Fonseca, que importou uma impressora e produziu livros no Rio, at� que, em 1747, uma decis�o real determinou "o sequestro e a remessa a Portugal de todas as 'letras de impress�o'" (...), "e que seus donos fossem notificados para 'que n�o se imprimam livros, obras ou pap�is alguns avulsos'."
Ent�o, n�o houve lei, mas a m�o pesada emitiu "uma provis�o e uma ordem r�gia".
Para quem gosta de jornalismo e hist�ria, o livro � um prato cheio. Ajuda o leitor o �ndice remissivo ao final, que permite navegar de forma n�o linear, como ir e vir pelas hist�rias de jornais, entre eles os de nomes ex�ticos, como "Rev�rbero Constitucional", "Tamoyo", "Malagueta" ou "Typhis Pernambucano".