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Jesus and Mary Chain se apresenta em SP
Banda escocesa celebra 30 anos de exist�ncia apesar de irm�os Jim e William Reid se detestarem h� muito tempo
Vocalista de grupo que revolucionou o rock diz que h� a possibilidade de eles lan�arem um �lbum de in�ditas
Quase n�o d� para acreditar que a lend�ria banda escocesa The Jesus and Mary Chain consiga se manter viva a ponto de vir tocar pela terceira vez no Brasil, no domingo (25), quando estrelam outra edi��o do festival Cultura Inglesa em S�o Paulo.
O espanto n�o � pelos 30 anos da banda que causou uma revolu��o de estilos no rock em 1984, quando botou as guitarras a servi�o do barulho puro, da microfonia desenfreada, mas com uma melodiazinha bem l�rica e bonita de fundo, quase inaud�vel.
O fato que surpreende � que os dois irm�os que constru�ram a hist�ria da banda e da m�sica independente brit�nica, Jim e William Reid, se detestam h� muito tempo.
"Sim, a rela��o entre n�s n�o � e nunca foi a ideal. Nunca vai ser. N�s conversamos quando temos a necessidade de faz�-lo. Praticamente nos vemos em cima do palco apenas", disse o vocalista Jim Reid, 52, � Folha por telefone.
Por causa de briga, a banda acabou em 1998. Por causa de dinheiro, voltou em 2007. "Voltamos porque o festival Coachella vinha nos oferecendo um bom dinheiro. Por tr�s anos tentaram nos convencer a tocar l�, promover nossa volta", conta.
"O engra�ado � que quando eles conversavam comigo eu sempre achava que o Will nunca iria querer voltar com o Mary Chain. E, quando falavam com ele, Will sempre achava que eu n�o aceitaria jamais. Um dia, falando com meu irm�o ao telefone sobre o assunto, resolvemos topar."
O grupo, que toca ainda no Rio de Janeiro, na ter�a (27), no festival Vivo Open Air, veio ao Brasil em 1990, com shows em Rio e S�o Paulo, e em 2008 no festival Planeta Terra, na capital paulista.
"A experi�ncia de shows na Am�rica Latina � incr�vel, porque o p�blico � sempre intenso, participativo e jovem. � encorajador ver pessoas novas realmente sabendo as m�sicas do Mary Chain, interessadas na banda", diz. "Isso nos mant�m vivos mais que o dinheiro."
No ano passado, a banda lan�ou uma caixa comemorativa que inclui todos os seus seis �lbuns em vinil.
De qual �lbum da banda Jim Reid mais se orgulha de ter lan�ado?
"� uma pergunta imposs�vel de responder. � como perguntar para um pai qual seu filho favorito. Eu tendo a proteger mais o Munki' [1998, o sexto e �ltimo], o mais dif�cil dos �lbuns que fizemos", conta.
"William e eu n�o suport�vamos estar no mesmo ambiente. Brigamos com a gravadora e lan�amos por outra. As pessoas tentam associar esse tempo ruim' da banda ao Munki' como se isso tivesse afetado o resultado do disco, mas acho ele t�o bom quanto os outros cinco. Sinto que ele foi subestimado."
Jim diz que h� uma possibilidade de o grupo lan�ar um �lbum de in�ditas: "A gente vem falando de um disco novo h� muito tempo. N�s temos as can��es. O neg�cio � que temos um desentendimento de como lan�ar, quando, quais m�sicas colocar, qual caminho seguir".
Um dos caras que revolucionaram a m�sica --ao lan�ar h� tr�s d�cadas um �lbum "inaud�vel" e fazer shows de no m�ximo meia hora, cantando de costas para a plateia--, ele diz n�o acreditar muito mais na m�sica nova.
"N�o vejo muita coisa que realmente me interesse na nova m�sica brit�nica. Quando voc� tem a minha idade e viveu todos esses anos ouvindo rock, voc� percebe que tudo j� foi feito e dificilmente sair� algo realmente novo na m�sica", afirma.
Como Jim Reid enxerga hoje a bagun�a causada pelo disco "Psychocandy", quase 30 anos atr�s?
"At� hoje parece que o Psychocandy' faz sentido para as pessoas, porque muita gente vem comentar ainda sobre o disco", diz.
"� �bvio que fico orgulhoso. Tem muita li��o boa para se tirar disso. Voc� n�o precisa ser tecnicamente impec�vel para lan�ar um bom disco. Atitude, energia e um punhado de can��es boas podem resultar num grande �lbum. Num �lbum que dure."
