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CINEMA
Atriz nega Palma "humanitária"
Adjani defende
premiação de Cannes
AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
Rompendo o pacto de silêncio
que pesa sobre presidentes de júris
de mostras internacionais de cinema, a atriz francesa Isabelle Adjani
saiu em defesa da polêmica premiação do Festival Internacional
de Cinema de Cannes de 1997, encerrado na semana passada.
Em entrevista, no final da última
semana, ao vespertino francês "Le
Monde", a atriz de "Possessão"
voltou-se contra os que classificaram de política a concessão da Palma de Ouro aos filmes "O Gosto
da Cereja", do iraniano Abbas
Kiarostami, e "A Enguia", do japonês Shohei Imamura.
"Não quisemos de maneira alguma fazer uma premiação humanitária: não se tratava de recompensar as boas causas, mas os
grandes filmes", disse Isabelle
Adjani.
"A dupla Palma de Ouro apareceu como uma necessidade, já que
pretendíamos que cada filme obtivesse a premiação que nos parecia
justa", completou.
A atriz reconheceu que "os debates que aconteceram nos últimos dias se desenvolveram dentro
de grande tensão".
Violência
O foco central era a violência como tema prioritário dos filmes em
competição.
"Uma parte do júri afirmava que
nenhuma mensagem antivida deveria ser difundida -ou, pelo menos, não apoiada. Mas um filme
mostrando o terror é forçosamente favorável ao terror?", perguntou.
Em seguida, Adjani foi mais explícita, nomeando o filme "Funny
Games", do austríaco Michael
Hanecke, como o centro das discussões.
"Funny Games" retrata com
crueza e auto-referência o massacre de uma família por dois jovens
desocupados.
"Do meu ponto de vista, o filme
deveria ser defendido, mas como
se fazer compreender? Uma premiação não é acompanhada de um
texto explicativo, deve ser auto-explicativa", assumiu Adjani.
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