São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Casa das Canoas, obra de Oscar Niemeyer, inspira novos filmes

DE SÃO PAULO

Enquanto Eder Santos camuflou Brasília em neons e efeitos especiais em "Deserto Azul", outros artistas encontraram uma espécie de futuro fértil na obra nua e crua do arquiteto Oscar Niemeyer.
Tamar Guimarães, que esteve na última Bienal de São Paulo, e o francês Louidgi Beltrame voltaram suas câmeras para os cômodos e jardins da Casa das Canoas, no Rio, tentando situar o modernismo tropical de Niemeyer entre o passado e o futuro.
"Parece-me que no Brasil há uma espécie de eco do otimismo dos anos 50 agora, uma euforia em relação ao futuro", afirma Guimarães, brasileira radicada na Dinamarca. "Uso a casa também como um espaço para fazer esse eco reverberar", diz.
No filme que rodou na casa de curvas, Guimarães encenou um coquetel com artistas e intelectuais que discutem a história do modernismo e seus fracassos entre goles de espumante.
Parece tornar elástica essa passagem do passado para o futuro com o erotismo sutil que faz penetrar nas conversas. "Há uma premissa de erotismo nesse modernismo", diz. "Longe de ser uma "máquina para viver", é um motim de prazer orgiástico."

PARADOXO
Beltrame consegue traçar outro paralelo. No lugar de orgias, enxerga na Casa das Canoas um parentesco tórrido com a Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, em São Paulo.
"É um filme sobre a casa e como ela continua viva", diz o artista. "Traço um paralelo entre essa casa e a de vidro, entre cinema e arquitetura."
Mas, antes do filme que termina de montar agora, Beltrame já havia investigado relações entre Brasília, obra maior de Niemeyer, e Chandigarh, cidade utópica erguida por Le Corbusier na Índia.
"Essas cidades são os verdadeiros personagens do filme", diz ele. "É um futuro que atravessa os espaços e ativa os dois lugares."
No fundo, o artista identifica nas duas construções que se pretenderam utópicas um futuro que já passou. "É a arqueologia do modernismo", afirma. "Tem a ideia de que o modernismo seria a visão do futuro, mas ele já passou, há um paradoxo." (SM)


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