São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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MÚSICA
Blur, Echo e Chemical Brothres tocam neste fim-de-semana
Começa hoje o Reading, maior festival inglês

Divulgação
Os britãnicos do Blur, que tocam no Reading Festival amanhã e em novembro no Brasil


LÚCIO RIBEIRO
enviado especial a Londres

Os ingleses festejam a música pop como se fosse 1999. Depois dos megafestivais de Glastonbury e o da Virgin (V99), começa hoje na Inglaterra o colossal Reading Festival, a última e gigantesca reunião de guitarras e pick-ups do planeta antes da chegada do 2000.
"Provavelmente o principal festival do mundo" é o bordão mais conhecido do tradicional festival britânico, que costuma arrastar cerca de 100 mil pessoas até uma fazenda na minúscula cidade universitária a oeste de Londres.
Os números que vêm atrelados ao nome Reading Festival realmente impressionam: são quase 150 atrações espalhadas por quatro palcos, barulheira boa que dura geralmente 11, 12 horas por dia de hoje ao domingo.
Só comparando, o badalado e turbulento Woodstock, festival que aconteceu em julho passado na América, não tinha nem um terço da quantidade de bandas que se revezarão no palco do evento inglês.
Mais números: a organização do Reading espera o consumo de 100 mil litros de cerveja durante os três dias do evento, para agradável capitalização da Carling, cervejaria que patrocina o Reading.

Blur, Echo e Chili Peppers
Verdadeira celebração de tribos musicais, o Reading aglomera, em seus três dias de duração, fiéis seguidores do britpop, música eletrônica, hard rock, hip hop, indie, noise e neopunk.
Com a sensível preocupação de equilibrar na escalação boas bandas do passado, do presente e principalmente do futuro, o Reading 99 tem como principal atração o quarteto inglês Blur, que toca amanhã o show que São Paulo e Rio de Janeiro vão ver em novembro, na primeira passagem de uma turnê do grupo pelo Brasil.
Depois da concorrida tour do álbum "13", lançado em março, o Blur promete para o Reading um show de "greatest hits", para comemorar os dez anos de uma das bandas mais populares do Reino Unido.
A apresentação recheada de "sucessos" do Blur serve também para preparar a chegada da caixa com 22 CDs com singles, lados B e raridades que a banda juntou nesta década de existência.
A Folha, que acompanhará o Reading Festival, vai conferir ainda as apresentações de outras duas bandas com passagem marcada para tocar em breve no Brasil: o veterano grupo de Liverpool Echo & The Bunnymen e os californianos do Red Hot Chili Peppers.
Os shows do Echo no Brasil acontecem em setembro, nos dias 9, no Opinião (Porto Alegre), 21, no Via Funchal (São Paulo), 23, no Fórum (Curitiba), e 25, no Metropolitan (Rio de Janeiro). E os Chili Peppers mostram ao vivo seu novo disco em SP (dias 9 e 10 de outubro, no Credicard Hall, ainda em construção).

Razões
Abaixo, outras inúmeras razões que fazem do Reading o maior encontro de "grandes bandas, boa cerveja e pessoas legais" do planeta, uma das máximas do festival:
* a popularíssima banda The Charlatans, uma das mais bacanas do britpop, retorna aos palcos para mostrar canções do seu novo álbum, que será lançado em breve precedido pelo single "Forever", nas lojas agora em setembro.
* Três anos depois de sua ruidosa estréia e de um seguido desaparecimento estranho, o grupo Elastica volta a se apresentar ao vivo, certamente no que será um dos shows mais concorridos do Reading. A banda da "musa" Justine Frischmann vai tocar as canções novas do "Elastica EP", primeiro material inédito da banda em anos, lançado na última segunda-feira.
* a música eletrônica reúne no Reading nomes top como Bentley Rhythm Ace, Lo-Fidelity Allstars, Cornelius, DJ Roni Size e seu projeto Breakbeat Era, Les Rhythmes Digitales, Gusgus, Apollo 440, Dee-Jay Punk Roc e, claro, os gênios do Chemical Brothers.
* Nunca tanta boa banda de guitarras americana esteve junta num único evento. No Reading 99, um certo rock de vanguarda estará presente com os heróis Pavement, Sebadoh, Jon Spencer Blues Explosion, Guided by Voices, Flaming Lips, Sparklehorse, Madder Rose e Smog.
* O festival ainda escala Arab Strap, Delgados e Dawn of the Replicants, três excelentes exemplares do novo rock escocês, a cena pop mais relevante dos últimos anos.
* A barulheira pesada tem lugar quando chegar a vez do Reading ser sacudido por seres punk do Atari Teenage Riot, o neopunk Offspring e ainda Pennywise, Sick of It All, Suicidal Tendencies e os farofas do Terrorvision.
* Da nova fornalha do rock britânico, há os ótimos Clinic, Llama Farmers, Webb Brothers, Idlewild e Younger Younger 28.
* Do rap, vêm nomes como Ice T, Sugarhill Gang, Jurassic 5 e Pharcyde.

Cidade do rock
Uma verdadeira cidade na forma de um quadrilátero gigante é erguida na fazenda de Reading para abrigar os quatro palcos, toda a infra-estrutura de barracas de comida e bebida de todos os tipos, um complexo de banheiros, uma tenda para apresentação de comediantes (que depois dos shows vira uma boate para funcionar até de manhã), um palco para um divertido karaokê de rock, lojinhas de roupas, discos, dois estandes enormes que vendem camisetas de bandas.
Entre 10 mil e 15 mil jovens acampam ao redor do local do festival. E, para chegar à fazenda do Reading Festival, é preciso andar 15 minutos da estação de trem do centro da cidade.
Pela primeira vez desde sua criação, nos anos 70, o Reading Festival ganhará um evento paralelo, que acontecerá na cidade de Leeds, cidade ao norte da Inglaterra. Exatamente todas as atrações do Reading viajarão para Leeds para tocar no dia seguinte.


O jornalista Lúcio Ribeiro viajou à Inglaterra a convite da gravadora EMI


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