São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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CINEMA - ESTRÉIAS
"Thomas Crown" leva Brosnan além de 007

Divulgação
Pierce Brosnan (na foto, com Rene Russo) faz o papel do milionário Thomas Crown, vivido por Steve McQueen no original de 68


CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles

O ator irlandês Pierce Brosnan preencheu todos os requisitos básicos -charme, carisma e elegância- e é um sucesso de bilheterias no papel de James Bond.
Apesar de que viver 007 significa correr o risco de nunca mais interpretar personagem tão popular e universal, Pierce Brosnan, aos 47, não é todo James Bond.
O filme "Thomas Crown: A Arte do Crime", que estréia hoje no Brasil, está aí para provar. Nele o ator interpreta o milionário Thomas Crown que, depois de conseguir tudo na vida, luta contra a monotonia roubando um valioso Monet de um museu de NY.
O resultado é uma perseguição de gato e rato, na qual a investigadora Catherine Banning (Rene Russo) se confronta, em cenas sensuais e românticas, com o atípico criminoso, elegantemente vestido à moda de James Bond.
A nova versão do original de 1968 (protagonizado por Steve McQueen e Faye Dunaway) é o segundo filme produzido pela empresa de Brosnan, a Irish Dream Time Films, e tem um significado especial para ele.
"Desde pequeno fui um grande fã de Steve McQueen. Ele sempre foi o meu ídolo do cinema. Lembro que o original de "Thomas Crown" foi o filme que me fez decidir seguir a carreira de ator."
A seguir, leia trechos da entrevista que Brosnan deu à Folha, na qual ele descreve seu fascínio por Thomas Crown, compara o original da década de 60 e a produção atual e fala da importância de James Bond em sua vida.

Folha - O que o levou a fazer um remake de um clássico?
Pierce Brosnan -
Thomas Crown foi literalmente o começo de minha carreira. Aprendi muito assistindo aos filmes de Steve McQueen e Clint Eastwood da década de 60. Além disso eu e meu sócio, Beau St. Clair, concordamos que o original deixava espaço para desenvolver a história de uma forma diferente e criativa, com personalidade própria.

Folha - Como você compara o Thomas Crown de Steve McQueen com o seu?
Brosnan -
Ninguém possui o jeito "cool" de Steve McQueen diante das câmaras. Quanto ao personagem, ele tem características próprias em cada versão. Procurei fazer o papel de forma contemporânea. Afinal de contas, 30 anos separam os dois filmes.

Folha - Como você reage a comparações que apontam semelhanças entre Thomas Crown e James Bond?
Brosnan -
Seria perfeito se as pessoas esquecessem Bond quando estivessem assistindo a "Thomas Crown". James Bond é um personagem universal, que está na mente de pessoas de todas as gerações. Além disso, ambos os filmes trazem histórias românticas em que o suspense e a ação servem para estabelecer um envolvimento afetivo entre seus personagens principais. Mas, logo no começo, vemos que Crown não é Bond. Bond jamais cometeria um crime pelo sabor do perigo.

Folha - Como James Bond mudou a sua vida?
Brosnan -
Em minha vida particular, ele me fez mais próximo de minha ex-mulher, que morreu de câncer no ovário. Cassandra (Harris) era atriz e entendia bem o que representava a possibilidade de interpretar um papel tão popular como Bond. Foi Cassie quem me convenceu a fazer do sonho de interpretar Bond uma realidade.
Profissionalmente, Bond abriu todos os caminhos que antes dele se encontravam fechados para mim. Se hoje tenho a oportunidade de produzir meus projetos pessoais, devo isso ao poder da imagem de James Bond. Antes de "GoldenEye" (95) eu havia participado de vários filmes, mas era praticamente desconhecido.

Folha - O que é preciso para um ator interpretar com sucesso o personagem James Bond?
Brosnan -
Acredito que confiança no trabalho que faz é fundamental. Ele tem que acreditar em si como homem e como ator também, fazer Bond real para si próprio. Essa foi a minha maior dificuldade quando fiz o primeiro filme da série. Antes das gravações, levei tempo para me ver na pele do agente secreto mais famoso da história do cinema.


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