São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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Aos 80, atriz cede sua casa para abrigar raridades da televisão e receber o público

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1995, quando estava com 68 anos, a atriz Vida Alves iniciou sua luta pela criação de um museu da televisão brasileira. Ela fundou a Pró-TV, associação de pioneiros da televisão e transformou sua casa, no Sumaré (zona oeste de São Paulo), em sede da entidade. Com o tempo, passou a reunir no local um acervo com raridades da televisão garimpados com profissionais do meio, entre televisores antigos e 4.000 fotos. Estão com ela o figurino do Capitão 7, super-herói criado na TV Record em 1954, o roteiro de "Redenção", a mais longa novela brasileira, exibida na Excelsior de 1966 a 1968, a primeira câmera da TV Tupi, fotos do show inauguração da TV (como a que está ao lado) e fitas com depoimentos de personalidades, como Dias Gomes (1922-1999) e Walter Avancini (1935-2001).
O que era uma residência particular se tornou um pequeno museu visitado por estudantes, pesquisadores e outros curiosos. A atriz teve de reservar uma pequena área no primeiro andar do sobrado para morar.
"Foram 13 anos procurando sensibilizar as pessoas de que era importante criar um museu. Não só pela história da TV, mas pela do país. Já dei meu recado ao Markun: se não fizer isso por mim, que se prepare porque vou acertar as contas com ele no outro mundo", brinca.
Vida Alves estava no show inaugural da TV, em 1950, foi mocinha da primeira novela, "Sua Vida me Pertence", em 1951, na qual deu o primeiro beijo romântico, em Walter Forster. Também esteve na inauguração da TV digital, no ano passado, na Sala São Paulo.
Ela é responsável por redigir 800 biografias de personalidades da televisão, disponíveis para pesquisa no site da Pro-TV (www.museudatv.com.br), além de gravar 130 depoimentos. "Só parei porque não havia mais dinheiro", conta a atriz, que muitas vezes usa parte de sua aposentadoria, do INSS, com as despesas da associação.
Ela se emociona quando pensa que dentro de dois anos todos os quadros e fotos que hoje tomam conta de sua casa irão para outro endereço, o do museu. "Quando arrancarem tudo e ficarem só os buracos nas paredes, vou chorar."


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