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Comida
É imoral e engorda
Musa do "food porn", movimento que mistura erotismo e gastronomia, Nigella estréia programa no GNT;
nos EUA, quem apimenta a fantasia dos espectadores é Giada De Laurentiis
Kevin Winter/Getty Images
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A musa do "food porn" Nigella Lawson no programa de Jay Leno
EDUARDO SIMÕES
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
A mulher de cabelos e olhos
negros, seios fartos e corpo calipígio leva o dedo indicador até
os lábios carnudos e, com a
ponta da língua, lambe, lançando um olhar safado para a câmera. A mulher em questão
não é nenhuma estrela de filme
erótico. É Nigella Lawson, a cozinheira e apresentadora inglesa, musa maior do "food porn",
espécie de movimento de fetichização da comida -que vai da
apresentação luxuriante dos
pratos às apresentadoras de televisão. E faz sua cama em
blogs de gastronomia, vídeos e
comunidades na internet, a
maioria em inglês.
A sensualidade da cena descrita acima é uma marca registrada de Nigella, que estréia
mais um programa, "Nigella
Express", no dia 29 deste mês,
no canal pago GNT. Afora lamber os dedos, a inglesa por vezes
tem sua imagem desfocada no
vídeo -como se desse ao espectador espaço para fantasias gastro-libidinosas. E não raro é
permissiva e, num arroubo de
gula noturna, deixa sua cama
para fazer uma boquinha na geladeira. Ou até preparar algo
como uma suculenta rabanada
com calda de morango, receita
exibida em seu novo programa.
Pronta para o forno
Casada com o publicitário
Charles Saatchi, dono da galeria londrina que leva seu nome
e apadrinhou artistas plásticos
como Damien Hirst, Nigella é
mãe de duas crianças e filha de
Nigel Lawson, barão e ex-membro do parlamento britânico.
Em novembro do ano passado, a cozinheira deu entrevista
à edição inglesa da revista "Esquire". O jornalista que a entrevistou abriu a reportagem afirmando que, após apenas três
minutos em sua companhia, já
estava sofrendo de "sobrecarga
sensorial". Em parte por conta
do "muffin de banana e manteiga de amendoim" que ela oferecera. E, sobretudo, por seu "decote cavernoso" e "pele de alabastro", atributos que a fazem
parecer ter 27, e não 47 anos.
Nigella, que aparece na "Esquire" embalada num vestido
tomara-que-caia de papel alumínio e é chamada de a "gostosa da culinária", justifica seu
sex appeal: "Eu não sou chef,
então só posso cozinhar se experimentar. Realmente não entendo como outras pessoas cozinham sem provar, pois para
mim meter o dedo e lambê-lo
fazem parte do preparo. Além
disso, quando você lida com comida, não está sempre exibindo
sua natureza sensual?", indaga.
O chef brasileiro Alex Atala,
que em 2006 posou seminu na
capa da revista "Trip", diz que a
gastronomia está atualmente
no centro das atenções, e associá-la ao sexo vende bem. Para
Atala, Nigella não chega a ser
uma musa. Mas mistura volúpia, com sua "figura meio maternal", e indulgência, ao "levantar no meio da noite só para
comer um bolo de chocolate".
"Se pé pode [ser alvo de fetiche], por que comida não pode?", questiona o chef, com
uma ressalva para si mesmo.
"No D.O.M. temos uma preocupação de sublinhar o prazer de
comer, mas não os outros. O
que a Nigella vende não é o sexo
óbvio. Ela põe uma certa água
na boca usando outros artifícios. É, literalmente, uma mulher de peito grande, não tem
mais o que falar."
Polpetone
Nigella não é a única musa do
"food porn". Nos Estados Unidos, a ítalo-americana Giada
De Laurentiis, 37, neta do produtor Dino de Laurentiis e da
atriz Silvana Mangano, também confunde os apetites do
espectador em seus programas
do canal Food Network. Loira
de olhos azuis, formada pela famosa escola francesa Le Cordon Bleu, a chef também já fez
ensaio sensual para a "Esquire"
lambuzada em molho de tomate, dando uma indefectível
mordiscada nos dedos.
Em reportagem do ano passado, o jornal "New York Times" comparou o visual de
apresentadoras como Nigella e
Giada ao estilo provocante e retrô de Marilyn Monroe. Se nos
anos 60 as feministas queimaram seus sutiãs, agora é a vez
dessas musas atearem fogo aos
aventais e adotarem blusas
com decote V, muito justas e
curtas. Uma guarnição e tanto.
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