São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Jacques Demy concilia beleza e prazer na Cinemateca

CRÍTICO DA FOLHA

Do cinema a gente espera quase sempre ver filmes bonitos. Quando, além disso, eles são gostosos de assistir, a vontade é de não sair daquele escurinho. Um dos nomes que com mais freqüência soube juntar beleza e prazer é o do francês Jacques Demy. Um pequeno ciclo, de hoje a 2 de março, na sala Cinemateca paulistana, é a chance para quem ainda não o conhece e para aqueles que gostariam de rever seus trabalhos.
Da seleção, os títulos mais conhecidos e adorados são os protagonizados por Catherine Deneuve. "Os Guarda-Chuvas do Amor" e "Duas Garotas Românticas" são propostas arriscadas de elevar o artifício dos musicais à máxima potência.
São filmes integralmente cantados, o que pode se converter numa chatura sem fim. Mas as geniais canções de Michel Legrand, associadas à leveza com que Demy rege o conjunto, têm capacidade de converter até quem não acha graça alguma na cantoria dos musicais.
A mesma Deneuve ajuda a preservar o encanto intacto de "Pele de Asno", uma das mais bem-sucedidas adaptações de contos de fadas já feitas.
O ciclo traz também os dois primeiros longas dirigidos por Demy, "Lola" e "A Baía dos Anjos", ambos focados nas delícias e riscos do acaso e na figura de uma mulher. No primeiro, Anouk Aimée, no segundo, Jeanne Moreau, ambas encarnam personagens que, mais que mulheres, são imagens do feminino no cinema, grandes paixões platônicas de todo espectador.
O ciclo se completa com o filme "Jacquot de Nantes", dirigido por Agnès Varda, mulher de Demy. Realizado em 1991, um ano após a morte do diretor, reconstrói sua infância, sua paixão pelo cinema e deixa bem claro de onde vem o prazer que Demy, até mais que Truffaut, conseguiu transferir da vida para o cinema e vice-versa. (CSC)

JACQUES DEMY
Quando:
de hoje a 2/3
Onde: Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 0/xx/11/3512-6111)
Quanto: R$ 8 (R$ 4, meia-entrada); exibições em DVD com entrada franca


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