|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIAS
"MONSTER - DESEJO ASSASSINO"
Premiada com o
Oscar, atriz engordou 15 quilos e remodelou rosto com silicone
Charlize Theron se enfeia para o papel
ISABELLE REGNIER
DO "LE MONDE"
Restrita a personagens de "bonequinha" no início de sua carreira, hoje Charlize Theron quer papéis mais complexos e ambiciosos. Representar Aileen, a protagonista de "Monster", foi uma
enorme satisfação. "Existe conflito na personagem, e isso é algo
que as mulheres raramente têm a
chance de encarnar. Quando a
descobri, o que me veio à cabeça
foi que era um papel à altura de
Robert de Niro. Foi fabuloso."
Ela foi inspirada em Aileen
Wuornos, uma prostituta de beira
de estrada e autora de sete homicídios, condenada à morte na Flórida em 2002. A mídia a transformou num fenômeno: a primeira
mulher americana "serial killer".
"Não é o tipo de papel para o
qual se diz "sim" sem pensar. Havia muitas coisas em jogo. Essa
história já tinha sido muito explorada. Num primeiro momento,
conheci Patty Jenkins [a diretora,
que faz aqui seu primeiro longa].
Falando com ela, compreendi que
ela não ia fazer um filme apelativo
sobre uma "serial killer" lésbica."
Carrasca, mas também vítima
da violência, Aileen tem uma personalidade atraente, ao mesmo
tempo generosa, frágil e brutal.
Para o papel, com o qual ganhou o Oscar, Theron engordou
15 quilos e remodelou seu rosto
com silicone. Leu muito e passou
horas com uma amiga com quem
Aileen se correspondeu durante
os 12 anos passados na prisão.
"Charlize Theron possui a força
das atrizes da idade do ouro, como Katherine Hepburn", diz
Patty Jenkins. A diretora também
admira a racionalidade da atriz,
sua capacidade constante de conservar os pés no chão. "Ela vê sua
beleza como um instrumento."
Mais do que feminista, Theron
se vê como ser humano. "Não sei
muito bem se gosto do aspecto sexual do feminismo. É porque algumas pessoas esquecem que somos humanos que fazem coisas
terríveis. E é esse tipo de coisa que
conduz ao feminismo extremo."
Aos 28 anos, Aileen lhe proporcionou muitos prêmios, mas isso
não foi o mais importante. Para a
ex-modelo, que afirma ter exorcizado seu passado zombando desse meio em "Celebridade", de
Woody Allen, esse papel mudou
sobretudo a visão que se tem dela
no mundo cinematográfico.
Ou seja, não só Charlize Theron
conseguiu representar uma mulher feia, como soube conferir a
ela uma dimensão mítica.
Tradução Clara Allain
Texto Anterior: Design: Istituto Europeo anuncia sede em SP, a primeira fora da Europa Próximo Texto: Crítica: Diretora partilha dores de "serial killer" Índice
|