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Baby Tube
Canadense cria site de vídeos para crianças de 6 meses a 6 anos, em que os pais escolhem e controlam o conteúdo
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se as crianças entram cada
vez mais cedo na internet e os
vídeos on-line são uma das coisas que mais as atraem, por que
não garantir um ambiente controlado, uma espécie de "Baby
Tube", para que elas naveguem
sem ver nada inadequado?
Essa foi a idéia que levou o
canadense Ron Ilan a lançar, no
mês passado, o site de vídeos
infantis Totlol (www.totlol.com), voltado a crianças de seis
meses a seis anos de idade.
Pai de um garoto de dois
anos e de uma menina de nove
meses ("Ambos fãs ávidos de
vídeos on-line", diz ele), Ilan
criou o Totlol para entretê-los,
mas acrescentou uma novidade em relação aos vários sites
infantis existentes: deixou a
moderação dos vídeos a cargo
da comunidade de pais.
Funciona assim: o responsável pela criança se registra no
site -como em qualquer outro
de comunidade- e, após criar
sua conta gratuitamente, passa
a poder submeter os vídeos que
acha pertinentes (qualquer um
da galeria do YouTube, ou seja,
um mundo de opções).
Os vídeos submetidos vão
para uma fase de "exibição",
onde ficam acessíveis para que
os demais pais os qualifiquem e
comentem sobre eles. Só os
que são aprovados pela comunidade ficam acessíveis.
"O site existe há apenas quatro semanas e já tem uma comunidade de algumas milhares
de pessoas. Os pais precisam
ter em mente que, como há diferenças culturais e de gosto
pessoal, nem sempre uma opinião individual coincide com a
da maioria", diz Ilan.
Não que o conteúdo atualmente acessível no site deva
preocupar os pais -a maior
parte dos vídeos são animações, várias delas com divertidas canções infantis.
Também populares são os vídeos com personagens famosos, como os da Disney ou o
pingüim de "Happy Feet" dançando a "Macarena".
Há ainda diversas animações
de caráter educativo (a maioria
em inglês, algumas em francês
e espanhol; nada em português), que ensinam desde palavras e contagem básica até lições sobre preservação ambiental.
Ressalvas
Qualidade dos vídeos à parte,
o estímulo às crianças a grudar
no computador é visto com ressalvas.
"Esses meios de comunicação são mais para acalmar os
pais e para ter uma ocupação
para o filho, porque uma criança demanda muito, precisa ser
olhada, entretida, especialmente quando está em apartamento", diz Magdalena Ramos,
terapeuta de casal e família e
professora da PUC-SP, autora
do livro "E Agora, o que Fazer?
A Difícil Arte de Criar os Filhos" (ed. Ágora).
"Se a criança estivesse onde
deve estar, que é ao ar livre, na
natureza, ela não se importaria
com computador, televisão."
A terapeuta não condena a
atividade por inteiro, mas recomenda muita parcimônia.
"Assiste por 15 minutos, depois faz outra coisa, se movimenta. A criança é um ser muito motor, precisa andar, pular,
se arejar. Isso é o que as crianças não estão fazendo hoje em
dia, porque criança se movimentando incomoda, então os
pais as colocam em frente a alguma distração para deixá-las
quietas. Mas não faz bem."
Em resposta a observações
como essa, Ron Ilan diz que
apenas inventou o site, mas que
cada pai sabe o que é melhor
para os seus filhos.
"Para mim, ser pai é dar
oportunidades e orientação.
Criei o Totlol para ajudar aqueles que querem mostrar vídeos
on-line para suas crianças e não
encontravam o conteúdo."
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