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MODA
Evento terminou anteontem com 13 desfiles de coleções de outono-inverno
Semana termina revivendo anos 80
free-lance para a Folha
A sétima edição da Semana de
Moda, em São Paulo, terminou
anteontem apresentando coleções outono-inverno 2000 em 13
desfiles. Os estilistas reviveram a
moda dos anos 80 e a era dark,
mergulhados no punk. A cara de
brechó ficou estampada em muitas marcas. Outras conseguiram
se modernizar.
Na quarta-feira, o primeiro a
desfilar foi o estilista Jeziel Moraes, responsável pelo masculino
da Ellus. A cor rosa choque predominou nas calças de couro e
nas jaquetas, imersos na atmosfera feminina. O desfile chega ao topo com calça bailarina colada no
corpo, camisa de seda transparente e sapato social de bico fino.
A alfaiataria estava repetitiva, mas
o bom corte e o pé no trash deram
ar de irreverência.
O estilista Marcelo Quadros
apresentou uma melhora visível
na passarela. O look feminino penetrou no preto e mostrou transparências em formas despontadas, belíssimas como trabalho. O
neoprene, com costura rosa exposta, ganhou zíperes em jaquetas e calças femininas e masculinas (o famoso utilitário que já é
over). Quem tomou conta da passarela foram os vestidos estilo camisola em versão micro e longo.
O desfile deixou no ar a vaga lembrança da Mortiça, da família
Adam's.
A Cavalera, da estilista Taís Losso, desfilou figurinhas carimbadas. O tema realismo fantástico
trouxe as inusitadas lendas brasileiras em estampas. Cida Moreira
abriu o desfile como a dona Redonda e José Simão encarnou o
Homem da Formiga. A beleza do
desfile estava aí, e não nas roupas
pouco criativas e na tentativa, pela primeira vez, da alfaiataria feminina, que não conquistou.
Marcaram as meias soquetes
com sandálias de salto, no estilo
"Dancing Days". A calça oversize
continua forte no masculino, agora com correntes de pérolas.
O último do dia foi o estilista
Caio Gobbi, com show a parte de
chapéus e máscaras, tipo Philip
Treacy. A modelo Marina Dias
abriu com um microvestido black
jeans todo recortado, com bolso
da camisa na vertical e uma escultura tipo moicano, na cabeça. O
agressivo do punk ganhou glamour com penas de pavão e toques de dourado. O jeans veio
mais forte, em lavagens e tonalidades diversas e com aplicações
de silicone. Pecou no look masculino com a logomania e a camisa
jeans acinturada com ombros altos.
O último dia do evento, anteontem, mostrou mais cinco marcas.
A primeira, do estilista André Lima parecia começar bem com um
mistura de tecidos e estampas, até
entrarem as blusas com mangas
bufantes e com ombreiras. A lantejoula apareceu de novo, com
pretensão no blazer. Era uma
mistura de brechó com "quero ser
chique", que não deu certo. As cores vermelho e rosa chocavam-se
no masculino estilo John Travolta.
Depois veio o espírito pólo norte, do estilista Mário Queiroz,
com o masculino forte. Casacos
de esquimó ganharam fiapos de lã
nas mangas e na gola; o smoking
foi alongado e recebeu bolsos emborrachado; o georgette ganhou
forma em camisas de oncinha e o
veludo molhado veio na estampa
militar. O bom corte conquistou o
masculino, mas o feminino deixou muito a desejar.
Em seguida, entrou a Mulher do
Padre, totalmente anos dourados.
A marca se perdeu revivendo o
passado em roupas de péssima
qualidade em tecidos e idéias. Teve de tudo, desde sapato de jogador de boliche até um vestido que
mais parecia toalha de vó bordada
que qualquer outra coisa. Valeu
pelos vestidos com cintura baixa,
tipo de colégio, básico e bonito.
Já o estilista Eduardo Ferreira,
perdeu-se completamente em
três temas: regional, africano e
oriental. Os primeiros looks eram
todos brancos, com batas masculinas e saias de pregas para o feminino. Entraram as rendas, fiapos
de tecidos em transparência e
muita cor. Bonito e bem feito até
então. O oriental desenvolveu-se
num longo e cansativo mar de variações sobre o mesmo tema. O
vermelho predominou sobre modelos trabalhados em origami,
mas sufocante e inutilizável. Uma
pena, porque o trabalho é uma arte.
Fechou com chave de ouro o
melhor desfile da semana, da
marca V-Rom, com um show de
tecnologia e modernidade. O slogan "Global Urban Style" foi implantado em calças e jaquetas de
náilon cinza. Os tecidos foram resinados trazendo conforto ao corpo. Formas orgânicas e poucos
volumes externos definem as estruturas nas calças e jaquetas. As
estampas são gráficas, com textura intimista no uso do logo.
(CAROLINA DELBONI)
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