São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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MODA
Evento terminou anteontem com 13 desfiles de coleções de outono-inverno
Semana termina revivendo anos 80

free-lance para a Folha

A sétima edição da Semana de Moda, em São Paulo, terminou anteontem apresentando coleções outono-inverno 2000 em 13 desfiles. Os estilistas reviveram a moda dos anos 80 e a era dark, mergulhados no punk. A cara de brechó ficou estampada em muitas marcas. Outras conseguiram se modernizar.
Na quarta-feira, o primeiro a desfilar foi o estilista Jeziel Moraes, responsável pelo masculino da Ellus. A cor rosa choque predominou nas calças de couro e nas jaquetas, imersos na atmosfera feminina. O desfile chega ao topo com calça bailarina colada no corpo, camisa de seda transparente e sapato social de bico fino. A alfaiataria estava repetitiva, mas o bom corte e o pé no trash deram ar de irreverência.
O estilista Marcelo Quadros apresentou uma melhora visível na passarela. O look feminino penetrou no preto e mostrou transparências em formas despontadas, belíssimas como trabalho. O neoprene, com costura rosa exposta, ganhou zíperes em jaquetas e calças femininas e masculinas (o famoso utilitário que já é over). Quem tomou conta da passarela foram os vestidos estilo camisola em versão micro e longo. O desfile deixou no ar a vaga lembrança da Mortiça, da família Adam's.
A Cavalera, da estilista Taís Losso, desfilou figurinhas carimbadas. O tema realismo fantástico trouxe as inusitadas lendas brasileiras em estampas. Cida Moreira abriu o desfile como a dona Redonda e José Simão encarnou o Homem da Formiga. A beleza do desfile estava aí, e não nas roupas pouco criativas e na tentativa, pela primeira vez, da alfaiataria feminina, que não conquistou.
Marcaram as meias soquetes com sandálias de salto, no estilo "Dancing Days". A calça oversize continua forte no masculino, agora com correntes de pérolas.
O último do dia foi o estilista Caio Gobbi, com show a parte de chapéus e máscaras, tipo Philip Treacy. A modelo Marina Dias abriu com um microvestido black jeans todo recortado, com bolso da camisa na vertical e uma escultura tipo moicano, na cabeça. O agressivo do punk ganhou glamour com penas de pavão e toques de dourado. O jeans veio mais forte, em lavagens e tonalidades diversas e com aplicações de silicone. Pecou no look masculino com a logomania e a camisa jeans acinturada com ombros altos.
O último dia do evento, anteontem, mostrou mais cinco marcas. A primeira, do estilista André Lima parecia começar bem com um mistura de tecidos e estampas, até entrarem as blusas com mangas bufantes e com ombreiras. A lantejoula apareceu de novo, com pretensão no blazer. Era uma mistura de brechó com "quero ser chique", que não deu certo. As cores vermelho e rosa chocavam-se no masculino estilo John Travolta.
Depois veio o espírito pólo norte, do estilista Mário Queiroz, com o masculino forte. Casacos de esquimó ganharam fiapos de lã nas mangas e na gola; o smoking foi alongado e recebeu bolsos emborrachado; o georgette ganhou forma em camisas de oncinha e o veludo molhado veio na estampa militar. O bom corte conquistou o masculino, mas o feminino deixou muito a desejar.
Em seguida, entrou a Mulher do Padre, totalmente anos dourados. A marca se perdeu revivendo o passado em roupas de péssima qualidade em tecidos e idéias. Teve de tudo, desde sapato de jogador de boliche até um vestido que mais parecia toalha de vó bordada que qualquer outra coisa. Valeu pelos vestidos com cintura baixa, tipo de colégio, básico e bonito.
Já o estilista Eduardo Ferreira, perdeu-se completamente em três temas: regional, africano e oriental. Os primeiros looks eram todos brancos, com batas masculinas e saias de pregas para o feminino. Entraram as rendas, fiapos de tecidos em transparência e muita cor. Bonito e bem feito até então. O oriental desenvolveu-se num longo e cansativo mar de variações sobre o mesmo tema. O vermelho predominou sobre modelos trabalhados em origami, mas sufocante e inutilizável. Uma pena, porque o trabalho é uma arte.
Fechou com chave de ouro o melhor desfile da semana, da marca V-Rom, com um show de tecnologia e modernidade. O slogan "Global Urban Style" foi implantado em calças e jaquetas de náilon cinza. Os tecidos foram resinados trazendo conforto ao corpo. Formas orgânicas e poucos volumes externos definem as estruturas nas calças e jaquetas. As estampas são gráficas, com textura intimista no uso do logo.
(CAROLINA DELBONI)


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