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ARTES PLÁSTICAS
Performance de Laura Lima na Arco é censurada; vendas surpreende galeristas brasileiros
Brasileiros são destaque em Madri
Otavio Dias de Oliveira/Folha Imagem
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O artista Franklin Cassaro; uma de suas obras quase faz o rei Juan Carlos quebrar o protocolo |
JULIANA MONACHESI
enviada especial a Madri
A arte brasileira está criando
um auê na Arco, a feira de artes de
Madri, na Espanha. Uma performance da artista Laura Lima foi
censurada na noite de inauguração da feira e o rei Juan Carlos,
por pouco, não quebrou o protocolo e ajoelhou-se para entrar na
escultura inflável de Franklin Cassaro.
A censura foi a uma apresentação, que Laura prefere não chamar de performance porque não
é ela quem executa, em que dois
homens nus, unidos por um "capuz siamês", encenam um jogo de
forças. Os seguranças da Arco,
sob vaias do público, impediram
que a apresentação continuasse.
O galerista Ricardo Trevisan, da
Casa Triângulo, que representa a
artista, foi reclamar com a organização da feira, explicando que
aquele trabalho havia sido selecionado por um grupo de curadores para ser apresentado no "project room" da Arco. Só assim os
performers puderam prosseguir.
Horas depois do episódio, logo
no início da abertura, quarta-feira
à noite, foi a vez de outro trabalho
monopolizar as atenções na feira.
Foi quando o rei Juan Carlos,
acompanhado de um vasto cerimonial, deteve-se diante da sala
de Franklin Cassaro e fez menção
de entrar no inflável -foi desaconselhado por seus seguranças.
Eliane Senna e Maria José Baró,
donas da galeria Baró Senna, ficaram exultantes. A obra, um convite à interação, está na mira de instituições estrangeiras. Segundo as
galeristas, vários representantes
de instituições demonstraram interesse, e a galeria já fechou um
acordo com o Sintra Museu de
Arte Moderna, em Portugal, para
expor o trabalho do artista.
Na quinta-feira, Laura Lima
apresentou outra performance: a
de uma garota a quem ela dá um
comprimido para dormir e que fica em sono profundo com um tubo na cabeça, colado na estrutura
arquitetônica.
As vendas estão surpreendendo
os brasileiros. A galeria Camargo
Vilaça vendeu, em um único dia
de feira, 14 obras e teve outras 12
reservadas, segundo sua nova
consultora, Isabella Prata.
A Casa Triângulo recebeu vários pedidos de reserva de obras,
inclusive por parte da Fundação
Arco, e vendeu desenhos de Sandra Cinto e Laura Lima, além de
sete obras de Albano Afonso ao
colecionador brasileiro José
Olympio Pereira.
As galerias brasileiras no segmento "cutting edge", que apresenta galerias novas, também têm
motivos para comemorar. A Baró
Senna vendeu quatro obras nos
dois primeiros dias de feira.
A Brito Cimino vendeu obras de
Ana Maria Tavares, Rochelle Costi e Nazareth Pacheco. Fábio Cimino acredita que isso seja resultado da visibilidade que as artistas
conquistaram em outras edições
da Arco e mostras internacionais.
No ano que vem, a participação
brasileira deve se alargar. Rejane
Cintrão, curadora-assistente do
MAM de São Paulo, afirmou, em
visita à Arco, que o museu tem
planos de colocar um estande institucional na feira. Essa participação terá como objetivo divulgar e
ampliar o Conselho Internacional
do MAM e o Conselho Contemporâneo, em formação.
A curadora está em boa companhia nessa visão do papel cultural
da feira. Na abertura da Arco, o
crítico italiano Achille Bonito Oliva, responsável pela escolha das
galerias italianas na feira, afirmou
que alguns poucos museus no
mundo monopolizam o gosto, o
que terminará por matar o público, cabendo a artistas e galerias ter
um papel mais ativo.
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