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TEATRO
Estréia no Cultura Artística 'O Burguês Ridículo', adaptação de peças de Molière por Guel Arraes e João Falcão
Nanini traz seu 'Burguês' em êxtase
DANIELA ROCHA
da Reportagem Local
Ele é descrito como um completo
idiota que, por isso, acaba se tornando um querido de todos. Ele é
Sr. Jordain, personagem de "O
Burguês Ridículo" interpretado
por Marco Nanini.
A peça, que recebeu os prêmios
Mambembe e Sharp de melhor espetáculo em 96, estréia hoje, às
21h, no teatro Cultura Artística.
"O Burguês Ridículo" é uma
adaptação de vários textos de Molière feita por Guel Arraes e João
Falcão (leia texto nesta página).
Depois de nove meses em cartaz
no Rio de Janeiro -temporada
que teve como contratempo um
incêndio no teatro, que destruiu
todo o cenário e os figurinos da peça-, Marco Nanini se mostra um
apaixonado pelo personagem.
"Tem hora em que a gente comanda o personagem, manda ele
fazer as coisas. E tem a hora que ele
vai sozinho, raciocina sozinho, se
esbarrar em algo, ele conserta. Então é quando o ator não interfere,
porque o personagem já está tão
moldado, que ele vai solto. Aí é um
êxtase. É o que estou sentindo nesse momento com o espetáculo",
afirmou Nanini.
Para ele, seu personagem tem
um perfil poético. "Ele é um imbecil na melhor acepção da palavra. É
um imbecil estratosférico, mas é
uma pessoa tão boa, tão boa, que
toda essa idiotice transforma ele
em um ser especial."
A maior ambição do Sr. Jourdain
é ser tratado como nobre. Ele é um
burguês muito rico e completamente sem cultura que quer ser
visto e reconhecido pela nobreza.
Para ascender socialmente, ele
pretende realizar o sonho de casar-se com a Marquesa, por quem
está apaixonado, e fazer com que
sua filha torne-se condessa por
meio de um casamento armado.
"Nisso, rola tudo, as pessoas
passam a perna nele, ele é arrogante, mal-educado, tem uma série de
defeitos, mas, no fim, você quer levar ele para casa, porque ele é fofíssimo", disse Nanini.
O ator ressalva que o personagem tem uma "semente humana". "É como nos personagens de
Shakespeare, ele tem essa dimensão para ser estudada, ser mergulhada." Nanini interpreta Sr. Jourdain com a sensação infantil de
que Molière aprova a montagem.
"Sinto o Molière a favor desta
montagem. Sinto ele rindo, gargalhando, sinto esse espírito dele."
Marco Nanini convidou João
Falcão e Guel Arraes, dois diretores com quem já havia trabalhado
na TV, para trabalhar com ele no
teatro porque ambos são ligados à
comédia. "Aproveitamos o Molière para refletir sobre a comédia",
disse Nanini.
"Nossa emoção em comum é a
comédia. É Molière porque ele é
nosso patrono, ele defende lindamente a comédia. Ele colocava
suas idéias na boca dos personagens. Dizia: 'Para fazer as tragédias, basta bater no peito e xingar
os deuses e dizer coisas de bom
senso. Para fazer comédias, não, é
preciso penetrar no ridículo dos
homens. E é um estranho negócio
o de fazer rir as pessoas'. Molière
nos deu nobreza", disse Guel.
Peça: O Burguês Ridículo
Autoria: Molière
Adaptação e direção: Guel Arraes e João
Falcão
Elenco: Marco Nanini, Ary França, Betty
Gofman entre outros
Quando: estréia hoje, às 21h; sex e sáb, às
21h; dom, às 18h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor
Pestana, 196, tel. 011/258-3616)
Quanto: R$ 25
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