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MODA
Mestre do glamour anuncia seu último desfile, no Centro Georges Pompidou
Yves Saint Laurent dá adeus à alta-costura
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
De terno e gravata pretos, Yves
Saint Laurent, 65, o maior estilista
do século 20, deu adeus ontem à
alta-costura. Os jornais, TVs, todo o sistema de comunicação
francês e órgãos de imprensa do
mundo se concentraram na sua
maison, na elegante avenida Marceau, em Paris, ontem, ao meio-dia, para ouvir seu aguardado
pronunciamento de despedida.
A frase fatídica, esperada desde
a semana passada, quando começaram os boatos da aposentadoria do mestre, chegou quase ao final do discurso comovente, que
foi cercado de pompa histórica:
"Escolhi dizer hoje adeus a esta
profissão que eu amei tanto".
Saint Laurent falou em tom
emocionado durante 15 minutos
e depois embarcou, sorrindo, numa Mercedes também preta.
A aposentadoria de Saint Laurent encerra a época de ouro da
alta-costura francesa e todo um
tempo de sofisticação e glamour,
do qual ele era o principal símbolo vivo. Grandes corporações adquiriram as marcas célebres e travam guerras pelo mercado.
A própria marca YSL é controlada desde 1999 pela empresa Pinault-Printemps-Redoute, também proprietária da Gucci. O
prêt-à-porter YSL saiu do controle do costureiro e foi entregue ao
texano Tom Ford. A casa de alta-costura de Saint Laurent era mantida, mesmo deficitária, pelo empresário François Pinault. Com o
seu afastamento, será fechada.
No discurso, Saint Laurent citou
Proust e Rimbaud e agradeceu às
personalidades que o acompanharam -de Christian Dior, de
quem foi pupilo, a Pierre Bergé,
seu companheiro de mais de 30
anos. Num ato que parece selar o
fim dos atritos com o empresário,
agradeceu a François Pinault.
São as mulheres, porém, as
principais homenageadas. "Criei
o guarda-roupa da mulher contemporânea, participei da transformação de uma época. Agradeço às mulheres que vestiram minhas roupas, às célebres e às desconhecidas, que foram tão fiéis e
me trouxeram tanta alegria."
Saint Laurent, nascido na Argélia, não ocultou a sua depressão
nervosa, considerada um dos motivos de seu afastamento: "Marcel
Proust me ensinou que "a magnífica e lamentável família dos nervosos é o sal da terra". Eu, sem saber, fiz parte dessa família". E
também anunciou o seu último
desfile, no próximo dia 22, no
Centro Georges Pompidou, que
será uma mostra retrospectiva de
sua obra e de novos modelos.
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