JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

Nick Hornby se trancou em seu escritório em Arsenal, o bairro onde vive no norte de Londres, para concluir o novo romance, "How to Be Good" ("Como Ser Bom"). O primeiro livro de Hornby que traz uma mulher como protagonista chega às livrarias em maio e já está sendo apontado como um dos hits de 2001 pelos jornais ingleses.
Ao contrário do que sugere o título, o quarto livro de Hornby nada tem de carola. Mas o escritor britânico resolveu sair de sua reclusão voluntária para praticar uma boa ação.
Explica-se. O autor do best seller pop "Alta Fidelidade" (o mesmo do filme dirigido por Stephen Frears e estrelado por John Cusack) convidou 11 escritores, "a maioria amigos ou amigos de amigos", como contou à Folha, para escrever contos inéditos, todos monólogos, reunidos na antologia "Speaking with the Angel" ("Conversa com o Anjo"), que acaba de sair pela Penguin Books.
O livro surgiu por uma causa nobre. Os direitos autorais (o correspondente a 1 libra em cada exemplar vendido) vão para a TreeHouse, uma escola de crianças autistas fundada por Hornby e a ex-mulher, Virginia Bovell, desde que nasceu o filho Danny, hoje com sete anos, um garoto que precisa dos mesmos cuidados especiais. O título do livro foi emprestado de uma música do primeiro disco de Ron Sexsmith.
A antologia tem apresentação do próprio Hornby, que fala sobre Danny, de quando ele nasceu e como descobriu que o seu garoto era diferente dos outros.
No melhor estilo Rob Fleming, o dono da loja de discos que protagoniza seu romance mais famoso, Hornby fez uma lista para explicar os critérios que usou na escolha dos autores: a) serem amigos ou amigos dos seus amigos; b) adorar o que escrevem; e c) a maioria ser bastante popular. "O item c era importante porque quero conseguir muito dinheiro para a escola", acrescentou.
Na lista de autores convidados por Hornby, há alguns dos nomes de maior sucesso da literatura inglesa atual. Estão lá o irlandês Roddy Doyle, que escreveu "Paddy Clarke Ha Ha Ha", "The Commitments" e "O Furgão" -os dois últimos adaptados para o cinema. O personagem de Doyle é um homem na crise dos 40 que lembra das aulas de geografia de quando era criança.
A inglesa Helen Fielding, de "O Diário de Bridget Jones", participa com um conto que tem como protagonista uma mulher de meia-idade numa crise de bebedeira. O livro reúne ainda gente como Irvine Welsh, de "Trainspotting", que também já virou filme nos anos 90. Welsh escreve a história de um homófobo que morre de repente, encontra são Pedro e vira uma alma penada com uma punição bizarra.
Hornby diz que seu filho Danny é um garoto de sorte, porque frequenta uma escola feita para atender crianças como ele. O escritor reconhece que há muitas outras causas a serem defendidas no mundo, "muito mais graves, se é que isso pode ser medido", mas diz que "Speaking with the Angel" é sua maneira de ser ouvido.

Livro: Speaking with the Angel
Editora: Penguin Books
Quanto: 7,99 libras
Editor: Nick Hornby
Autores: Robert Harris, Melissa Bank, Giles Smith, Patrick Marber, Colin Firth, Zadie Smith, Nick Hornby, Dave Eggers, Roddy Doyle, Helen Fielding, Irvine Welsh, John O'Farrell

Onde encomendar: www.livcultura.com.br e www.amazon.com


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