São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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PERSONALIDADE

Artista plástico cearense, que tematizou a realidade nordestina, sofreu infarto aos 83 anos

Aldemir Martins morre em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico Aldemir Martins morreu na noite de domingo, em São Paulo, aos 83 anos, após sofrer um infarto em sua casa, na zona sul.
Nascido em Ingazeiras, no Ceará, Martins participou da efervescência da arte moderna em SP, para onde se transferiu em 1946, já conhecido em seu Estado como ilustrador de jornais, revistas e livros, atividade que manteve na capital paulista.
Em 1949, fez um curso de história da arte com Pietro Maria Bardi e tornou-se monitor do Masp, onde também estudou gravura com Poty e conheceu sua segunda mulher, Cora Pabst.
Após uma viagem ao Ceará, em 1951, Martins decidiu retornar a São Paulo num caminhão pau-de-arara. Com essa experiência, iniciou uma série de desenhos de temática nordestina, que caracterizaria sua carreira.
Em nota sobre a morte do artista, divulgada ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirma: "Este cearense levou ao mundo todo, com sua genialidade e apurada qualidade técnica, a marca da paisagem e da vida nordestinas". O mesmo aspecto foi destacado pelo secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade. "O seu traço de tons vibrantes registrou todos os ângulos e pessoas de seu Nordeste. Sua obra sempre esteve em sintonia com suas origens."
Ao longo de décadas, o artista, que trambém ficou conhecido por retratar gatos, foi assíduo em individuais e coletivas no Brasil e no exterior, acumulando prêmios nacionais e internacionais, entre os quais um diploma da Bienal de Veneza (1956).
Martins também dedicou-se à ilustração de livros, à cenografia teatral e a desenhos para marcas comerciais. Além disso, é autor de painéis, como o do bar O Cangaceiro, no Rio de Janeiro.
Em 1966, passou a criar esculturas e jóias em ouro e prata. Viveu um período nos EUA e outro na Itália, em 1960, quando intensificou a presença no circuito de arte europeu.
O corpo de Martins foi velado na Assembléia Legislativa paulista. O enterro estava previsto para a tarde de ontem, no cemitério Campo Grande.


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