![]() São Paulo, ter�a, 5 de agosto de 1997. |
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LÚCIO RIBEIRO Editor-assistente da Ilustrada
"Numa explosão interestelar, eu volto para salvar o universo." Thom Yorke, Radiohead. Se o rock não sabia mais para onde ir, parece que encontrou seu caminho: o espaço sideral. Dois dos mais comentados lançamentos dos últimos tempos na Inglaterra, os CDs "OK Computer", da banda Radiohead, e "Ladies and Gentleman, We Are Floating in Space", do Spiritualized (leia textos abaixo), jogam as guitarras na direção do Cosmos. O álbum da banda de Thom Yorke, de Oxford, veio para sacramentar o space rock dos 90, braço da surf music alienígena do Man or Astro-man?, da dance bizarra do Space, da pérola pop do Oasis ("D'Yer Wanna Be a Spaceman?"), primo distante do espírito ziggy stardust de Bowie. O fim de século, a exploração de Marte, Hollywood e sua penca de filmes sobre ETs, a TV e sua penca de seriados à la "Arquivo X", tudo isso já tem a sua trilha sonora perfeita. Com "OK Computer", o esquisito, tímido e "cool" Tom Yorke e seu Radiohead viraram massivo. Até no Brasil, onde quase ninguém deu muita bola às duas obras-primas anteriores ("Pablo Honey", de 1993, e "The Bends", 1995), o grupo anda despertando muita atenção. Yorke já havia escrito seu nome na história do pop inglês ao construir a balada punk "Creep", do primeiro disco, considerada na Inglaterra um dos três maiores singles da década. Ainda fez "Anyone Can Play Guitar", "Stop Whispering", "Pop Is Dead", "Ironlung", "Fake Plastic Trees"... E, agora, vem com esse "OK Computer", discaço lírico, viajante (sem essa de rock progressivo!), áspero, melódico, guitar. Vai ser muito difícil o CD não constar do topo das listas de melhores do ano. O primeiro single do álbum, a canção "Paranoid Android", já é considerado um épico da banda. Dividida em três partes, a música aglutina em pouco mais de seis minutos a complexidade sonora de Yorke, o pop fácil e ao mesmo tempo complicado de sua criação, os delírios em suas distorções de guitarras. "Paranoid Android" reafirma o caráter visionário do líder do Radiohead, "um delicado arquiteto de texturas e canções", na melhor definição que já ouvi sobre Thom Yorke. Em uma coletânea de depoimentos dados à imprensa musical inglesa, o próprio Thom Yorke, melhor que ninguém, fala sobre algumas faixas do CD.
"Airbag" - "Um airbag nunca
salvou minha vida, mas vou dizer
uma coisa. Quando você escapa de
um acidente, em vez de seguir em
frente, você deveria sair do carro e
correr pelas ruas gritando: 'Eu voltei. Estou vivo'. Na verdade, você
deveria dizer isso toda vez que sai
de um carro. Nós nunca temos o
controle dessas coisas." |
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