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FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIOS
'Eisenstein', o filme, faz jus ao gênio soviético
da Equipe de Articulistas
O soviético Serguei Eisenstein
(1898-1948), um dos maiores cineastas de todos os tempos, ganha
finalmente um documentário à
sua altura: "Eisenstein - A Casa
do Mestre", que o festival É Tudo
Verdade exibe hoje (em vídeo), às
21h, no MIS.
Dirigido por Naum Kleijman,
Marianna Kirejewa e Alexander
Askin, o filme é uma co-produção
russo-alemã que não deixa na
sombra nenhum aspecto relevante
da vida e da obra do diretor, roteirista, desenhista e teórico.
A riqueza da documentação visual e sonora do filme é espantosa.
Não era para menos: Naum Kleijman é o guardião do espólio artístico e teórico do cineasta e provavelmente o maior entendido em
Eisenstein do mundo.
Em ordem cronológica, o documentário articula organicamente
a biografia do cineasta com a progressão de suas idéias e o desenvolvimento de seu trabalho. Do
nascimento de Eisenstein, em Riga, na Letônia, até a morte, em
1948, acompanhamos passo a passo essa vida extraordinária.
O filme é estruturado sobre o eixo da inquietação do biografado e
de seus constantes deslocamentos.
Por isso, cada bloco é uma "casa":
a "casa do pai", a "casa da revolução" etc.
Eisenstein, como se sabe, começou sua carreira artística no teatro, sob a égide do grande encenador expressionista russo Vsevold
Meyerhold. Logo depois da Revolução de 1917, aderiu ao Exército
Vermelho e trabalhou ativamente
no Proletkult (Teatro de Cultura
Proletária).
Antes de dirigir seu primeiro filme - "A Greve", de 1925-, passou por um período efervescente
de experimentações, estudos e reflexões, no qual desenvolveu a base de sua teoria da montagem dialética, segundo a qual duas imagens contrapostas de modo
não-linear (ou não-narrativo)
produzem na mente do espectador uma terceira idéia, virtual e
abstrata.
"Eisenstein - A Casa do Mestre"
reconstrói de modo vibrante as
buscas de Eisenstein, bem como
sua educação estética nas artes
plásticas, no teatro popular, no cinema expressionista alemão.
Depois disso, mostra a acidentada evolução de sua obra, quase
sempre em atrito com o poder soviético (leia-se Stálin).
O documentário recupera a história de cada um dos projetos inacabados ou abortados de Eisenstein: "Que Viva México", "O
Prado de Bezhin", a terceira parte
de "Ivan, o Terrível".
Há imagens raras e preciosas: Eisenstein dando aulas na universidade, falando no Congresso de Cineastas Soviéticos, desenhando,
dirigindo atores, brincando...
Os trechos de filmes do cineasta
são escolhidos não apenas de
acordo com critério informativo,
mas também para sublinhar o clima dramático de sua biografia.
Aliás, o que salta aos olhos, nesse documentário, é o amor de seus
realizadores pelo cinema. Não há
momentos feios ou enfadonhos.
Todos os episódios narrados são
ilustrados por cenas de filmes pertinentes, mesmo que não sejam de
Eisenstein.
Um exemplo simples: quando se
fala do casamento dos pais do cineasta, a imagem apresentada é
uma cena da "Marcha Nupcial",
de Erich Von Stroheim. Montagem inteligente e dialética, enfim,
como queria Eisenstein.
(JOSÉ GERALDO COUTO)
Filme: Eisenstein - A Casa do Mestre
Produção: Alemanha/Rússia, 1997
Direção: Naum Klejman, Marianna
Kirejewa e Alexander Askin
Quando: hoje, às 21h, no MIS
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