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Jovovich d'Arc é um arraso
PAULO SANTOS LIMA
especial para a Folha
Cabelos tratados a luzes e banhos de creme, cortados geometricamente, emoldurando um belíssimo rosto de modelo. Dá para
acreditar que a moça da foto acima seja Joana d'Arc, a camponesa
que mobilizou os franceses contra
o domínio inglês, no século 15?
No cinema de Luc Besson, sim.
Como em "O Quinto Elemento"
(97), a estética cumpre um papel
importante, e não seria diferente
neste "Joana d'Arc" de Luc Besson (99), superprodução que
criou polêmica em solo francês e
que estreou no Brasil na sexta.
O diretor convidou a estonteante Milla Jovovich -que já havia
trabalhado na ficção científica de
97- para encarnar a mulher que
foi queimada em praça pública,
após ter sido traída pelos compatriotas, capturada pelo inimigo e
condenada por heresia. Tudo isso
após ter levantado o moral do povo francês e, dentro de uma armadura, expulsado boa parte dos invasores ingleses, em 1431.
Há o visual anos 90 e Jovovich
mais como um belo rosto (e corpo) do que como boa atriz, mas,
em meio à empetecação típica do
cinema de Besson, há muitas qualidades, como as presenças de
Dustin Hoffman, John Malkovich
e Faye Dunaway, montagem frenética, ação devastadora e cabeças decepadas como não se via
desde "Conan, o Bárbaro".
Besson não foi nada ingênuo e
soube -corajosamente- pôr
em xeque a santidade de D'Arc.
As impressionantes cenas de
batalha -o melhor deste filme-
mostram uma Joana d'Arc patética, insegura e impulsiva. Sua arrogância e egocentrismo dão forças para ela aguentar flechadas e
pancadas, mas mostram seu distanciamento com a realidade.
Suas tão sacralizadas visões tornam-se um delírio nas mãos de
Besson, em que um Cristo abatido dança estranhamente com ela,
quase uma alucinação.
Enfim, mostrar uma top model
varada por flechas, amalucada e
detonando o símbolo de um país
é motivo para visitar o cinema.
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