São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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folhateen explica

Pobreza e má educação põem em risco futuro de adolescentes


Estudo mostra que 38% dos jovens do país enfrentam exclusão


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O baixo nível da educação e os altos índices de pobreza comprometem o futuro de cerca de 8 milhões de adolescentes brasileiros -38% do total de 21 milhões de jovens de 12 a 17 anos. Esta é uma das principais conclusões do relatório Situação da Adolescência no Brasil, elaborado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e divulgado na última semana.
Como se não bastasse, a situação piora a cada ano com os índices crescentes de garotas grávidas ainda na adolescência. Em 2000, por exemplo, 338 mil bebês nasceram de mães adolescentes.
O levantamento aponta também para um problema histórico do país: a profunda desigualdade do desenvolvimento das regiões. Nos Estados do Nordeste, por exemplo, a taxa de analfabetismo na faixa etária de 12 a 17 anos supera a média nacional de 5,2% de adolescentes analfabetos.
Por outro lado, nos Estados do Sudeste e do Sul, esse índice é inferior à média nacional. Santa Catarina é a mais bem posicionada. Apenas 1,3% dos adolescentes catarinenses não sabe escrever nem ler, com algum grau de compreensão, um bilhete simples no idioma que conhece.
Outro problema registrado no relatório é o de frequência à escola. A média nacional de jovens matriculados na faixa dos 15 aos 17 anos é de 33,3%. Novamente, o Nordeste é campeão na exclusão, tendo em Alagoas a menor taxa de matriculados (11,8%).
São Paulo tem a maior quantidade (54,7%) de adolescentes matriculados regularmente. Mesmo assim, quatro em cada dez adolescentes paulistas de 15 a 17 anos estão fora da escola. Apenas sete Estados superam a média nacional (11,2%) de jovens de 14 e 15 anos que concluíram o ensino médio.

Violência
Na opinião de Reiko Niimi, representante do Unicef no Brasil, a imagem dos jovens apresentada nos meios de comunicação não representa a realidade dos adolescentes brasileiros. "O número de adolescentes em conflito com a lei é quase insignificante em relação aos 21 milhões de jovens brasileiros", afirmou.
O relatório não registra dados de jovens presos. Os registros de violência se referem à quantidade de adolescentes mortos por causas externas (9.302), o que engloba homicídios (40,5%), acidentes em meios de transporte (23,5%), afogamentos acidentais (13,4%), suicídios (3,7%) e outros (17,5%).


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