São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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ROCK

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não há do que se orgulhar no quesito "discos lançados no Brasil em 2002", o consumidor pop brasileiro também não tem grandes motivos para reclamar dos CDs que chegaram às prateleiras das lojas do país neste ano.
Em uma temporada das mais inspiradas no que diz respeito ao som de guitarras, o mercado nacional conseguiu resvalar nas principais tendências apresentadas pela música jovem, do incensado novo rock ao "velho rock", do resistente britpop ao alt-country para as massas.
Se o microcosmo da novíssima revigoração do rock foi desprezado pelas gravadoras daqui (leia-se bandas de Nova York), o macrouniverso veio todo ele.
O White Stripes, de outros anos, chegou neste. Os Strokes, de 2001, ganhou relançamento recente.
Os suecos do Hives apareceram e foram parar na novela das oito. Os australianos do Vines lançaram seu debut, ganharam "prioridade" na EMI Brasil, viraram os mais pedidos nas rádios, e a MTV cansou de mostrá-los.
Veteranos do novo rock, o Queens of the Stone Age, salvo engano, obraram o disco do ano. O muito veterano Flaming Lips, os lábios flamejantes de Oklahoma, salvo engano de muitos, fez o número um de 2002. O quase veterano Foo Fighters embaçou três anos para lançar um CD, mas lançou. Saiu aqui até com DVD.
Beck e Pearl Jam, nomes da época em que o Nirvana existia, apresentaram trabalhos novos e esquisitos. O primeiro, ex-indie-hero, virou Bob Dylan e fez baladas country pop. O segundo repisou no grunge como se fosse 1992.
O próprio Nirvana ressuscitou (foi ressuscitado) em música e videoclipe inéditos, que puxou a primeira coletânea de músicas de estúdio da banda que morreu em 1994.
O alt-country americano, country alternativo, country pop (o que for), cravou no Brasil discos que podem ser enquadrados na categoria belo: Wilco, belíssimo, e Ryan Adams, algo belo.
Até o morto-vivo britpop ganhou sobrevida com os campeões (em vendas, em beleza) discos de Coldplay e Doves, o gracioso CD do Supergrass e o bastardo álbum do escocês Idlewild.
Tão querido das gravadoras quanto as boy bands, até o nu-metal emplacou alguns bons discos. Os veteranos do Korn conseguiram trazer algum frescor com "Untouchables", e o Disturbed acertou com "Believe". O ano, para quem pode gastar no rock, não foi nada mal.


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