|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Cópia restaurada da comédia "O Grande Ditador" estréia dia 25
Rir para não chorar
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Se você costuma achar que a
palavra "clássico" é daquelas que esconde um monte de
poeira, vai levar um bom susto na próxima quarta-feira.
No dia, 25, chegam às telas
de São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília uma cópia restaurada
de um clássico que retorna
novinho em folha e sem cheiro de mofo.
Trata-se de "O Grande Ditador" filme dirigido e protagonizado por Charles Chaplin
(1889-1977) em 1940. O lançamento coincide com os 25
anos de sua morte, em 1977.
Criador do personagem
Carlitos (aquele que usa um
chapéu engraçado, um bigodinho e vive se metendo em
encrencas), Chaplin foi também um gênio do cinema mudo.
Enquanto não existia o som (só inventado em 1927), os atores usavam aquele
gestual mais exagerado (tanto nos dramas como nas comédias). Assim, alguns
deles criaram um gestual próprio e representavam com bastante ênfase no
próprio corpo (as chamadas gags, ações
físicas capazes de provocar o riso no espectador). Carlitos é um personagem típico dessa fase do cinema, fácil de identificar com seu jeito desengonçado, suas
roupas desajustadas, a bengala girando e
o rosto ingênuo.
Depois, com a chegada do som, Chaplin encarnou outros personagens, mas
conservou aquela espécie de desajeito
em relação ao mundo. É o que acontece
em "O Grande Ditador".
Feito no auge da Segunda Guerra
Mundial, antes da entrada dos Estados
Unidos no conflito, o filme é uma deliciosa comédia que faz uma gozação sem
fim com o ditador alemão Adolf Hitler
(na época, vivo, no poder e feroz em sua
política de exterminação dos judeus).
Cansado de ouvir comparações de sua imagem no cinema
com a de Hitler (o famoso bigodinho, que diziam que o nazista havia copiado dele), Chaplin resolveu levar a coincidência até o fim.
Aqui, ele interpreta ao mesmo tempo o ditador Adenoid
Hinkel e um barbeiro judeu,
que desperta de uma amnésia e
descobre que agora é mais uma
das vítimas da perseguição
promovida por Hinkel.
A história bem conhecida do
nazismo se transforma numa
grande piada, o que pode parecer estranho para quem sabe
como foi terrível essa época para a Alemanha e para o mundo.
Só que Chaplin não é nenhum
bobo. Ele usou o cinema como
arma para ridicularizar um líder político que, àquela altura,
ainda recebia certa simpatia
em alguns setores (nos EUA, inclusive).
Então, o Hitler/Chaplin é um bufão, alguém que se imagina tão dono do mundo quanto um idiota que brinca com um
balão em forma de globo terrestre (numa
das cenas mais antológicas do cinema).
Para a gente gargalhar da cara desse (e
tantos outros) tirano é que foi relançado
esse clássico (sem nenhuma poeira).
Texto Anterior: fique atento: São Paulo sedia o único Museu das Artes Gráficas do Brasil Próximo Texto: Ouça essas canções: Melhores de 2002 - Pop Índice
|