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ESPORTE
Esporte novo, o kitesurfe ganha cada vez mais participantes e picos no Brasil, como Ilhabela (SP) ou João Pessoa (PB); aproveite o verão para observar ou tentar algumas manobras
Por cima d�água
Fernando Donasci/Folha Imagem
![](https://cdn.statically.io/img/www1.folha.uol.com.br/../images/40512200501.jpg) |
Garoto voa em uma das manobras do kite, em Ilhabela, em São Paulo |
ERIKA SALLUM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não faz muito tempo, poucas
pessoas no Brasil tinham
ouvido falar de um bizarro
esporte que misturava surfe, windsurfe, wakeboard e paraglider. Mas o kitesurfe, que apareceu por aqui em
meados da década de 90, finalmente chegou lá. Por causa
da ótima qualidade do
vento que sopra na costa brasileira, o país
fica cada vez mais
famoso como o
paraíso do
kite e atrai, a cada verão, um número
maior de praticantes.
Lugares como Fortaleza, João Pessoa e
Ilhabela viraram points da modalidade.
Nesta temporada, prometem ficar ainda
mais lotados de atletas e suas pipas (kite,
em inglês) coloridas. "Jericoacoara, no
Ceará, está sendo chamado de o Havaí do
kite. Lá venta todo dia do mesmo jeito,
uma maravilha. Os gringos adoram", conta Reno Romeu, 15, segundo lugar no ranking brasileiro e um dos maiores talentos
do esporte nacional hoje (leia entrevista ao
lado). "Nas minhas férias, amo ir para picos como João Pessoa passar o mês todo
andando de kite", conta o garoto.
Com os pés presos em pranchas que
lembram as de wakeboard, o praticante
usa um cinto no qual prende o kite, um tipo de pára-quedas inflável. O atleta se segura também em uma barra de mão, como
as de esqui aquático, ligada à "pipa" por
cordas.
Enquanto no wake a pessoa é impulsionada pela prancha, no kite quem faz esse
papel é o vento -dependendo de sua velocidade, a pessoa pode chegar a cerca de
60 km/h e flutuar a mais de dez metros de
altura. "O barato é ficar inventando manobras radicais. Como se trata de um esporte
relativamente novo, sempre aparecem saltos e estilos diferentes para a gente aprender", diz Pedro Bueno, o Boca, 18.
Morador de Ilhabela, ele ocupa atualmente a sétima posição no ranking brasileiro. Como boa parte dos amigos, ele veio
do surfe, mas hoje sua paixão é o kite. Cabelo parafinado, bermudão e jeito de surfista, ele passa as tardes no mar com sua
turma, todos fissurados pelo esporte."O kite, enfim, virou moda", afirma.
Conhecida pelo apelido de "a capital da
vela", Ilhabela se tornou um dos picos preferidos da galera do kite de São Paulo, que
também costuma se aventurar na represa
de Guarapiranga. Durante os finais de semana e nas férias, as escolas de kite da ilha
ficam infestadas de novatos, loucos para
aprender a surfar no ar. O curso, além de
longo, custa caro. "Mesmo assim, ainda é
mais barato que o wake e bem mais prático,
pois não precisa de lancha", explica Luiz
Paladino, 19 anos. Também ex-surfista, ele
tomou tanto gosto pelo kite que virou instrutor. De manhã, freqüenta a faculdade de
arquitetura e, à tarde, ensina a alunos de
sua idade as primeiras noções do esporte.
Mesmo exigindo força nas pernas e braços, o kitesurfe faz sucesso também entre
as garotas. A estudante Camila Andries, 17
anos, demorou um pouco até convencer os
pais de que o kite não era tão perigoso
quanto pensavam. "Obedecendo às regras
de segurança, não tem muito problema. É
claro que é uma modalidade radical e pode
machucar, por isso é preciso tomar cuidado", diz ela, que está tendo aulas e já comprou seu próprio kite e sua prancha (rosa,
aliás). "Desde que vi kitesurfe pela primeira
vez, fiquei apaixonada. Vou me dedicar para evoluir e conseguir fazer saltos legais."
Nesta temporada, não importa em que
praia, represa ou lagoa você esteja passando as férias. Se avistar uns malucos em cima de uma pranchinha segurando um mini-pára-quedas, já sabe: são os caras mais
descolados entre os atletas deste verão.
Mesmo que você não se arrisque a tentar,
observe as manobras, curta os saltos, tire
fotos. O kitesurfe veio para ficar.
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