São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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ESPORTE

Esporte novo, o kitesurfe ganha cada vez mais participantes e picos no Brasil, como Ilhabela (SP) ou João Pessoa (PB); aproveite o verão para observar ou tentar algumas manobras

Por cima d�água

Fernando Donasci/Folha Imagem
Garoto voa em uma das manobras do kite, em Ilhabela, em São Paulo


ERIKA SALLUM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não faz muito tempo, poucas pessoas no Brasil tinham ouvido falar de um bizarro esporte que misturava surfe, windsurfe, wakeboard e paraglider. Mas o kitesurfe, que apareceu por aqui em meados da década de 90, finalmente chegou lá. Por causa da ótima qualidade do vento que sopra na costa brasileira, o país fica cada vez mais famoso como o paraíso do kite e atrai, a cada verão, um número maior de praticantes.
Lugares como Fortaleza, João Pessoa e Ilhabela viraram points da modalidade. Nesta temporada, prometem ficar ainda mais lotados de atletas e suas pipas (kite, em inglês) coloridas. "Jericoacoara, no Ceará, está sendo chamado de o Havaí do kite. Lá venta todo dia do mesmo jeito, uma maravilha. Os gringos adoram", conta Reno Romeu, 15, segundo lugar no ranking brasileiro e um dos maiores talentos do esporte nacional hoje (leia entrevista ao lado). "Nas minhas férias, amo ir para picos como João Pessoa passar o mês todo andando de kite", conta o garoto.
Com os pés presos em pranchas que lembram as de wakeboard, o praticante usa um cinto no qual prende o kite, um tipo de pára-quedas inflável. O atleta se segura também em uma barra de mão, como as de esqui aquático, ligada à "pipa" por cordas.
Enquanto no wake a pessoa é impulsionada pela prancha, no kite quem faz esse papel é o vento -dependendo de sua velocidade, a pessoa pode chegar a cerca de 60 km/h e flutuar a mais de dez metros de altura. "O barato é ficar inventando manobras radicais. Como se trata de um esporte relativamente novo, sempre aparecem saltos e estilos diferentes para a gente aprender", diz Pedro Bueno, o Boca, 18.
Morador de Ilhabela, ele ocupa atualmente a sétima posição no ranking brasileiro. Como boa parte dos amigos, ele veio do surfe, mas hoje sua paixão é o kite. Cabelo parafinado, bermudão e jeito de surfista, ele passa as tardes no mar com sua turma, todos fissurados pelo esporte."O kite, enfim, virou moda", afirma.
Conhecida pelo apelido de "a capital da vela", Ilhabela se tornou um dos picos preferidos da galera do kite de São Paulo, que também costuma se aventurar na represa de Guarapiranga. Durante os finais de semana e nas férias, as escolas de kite da ilha ficam infestadas de novatos, loucos para aprender a surfar no ar. O curso, além de longo, custa caro. "Mesmo assim, ainda é mais barato que o wake e bem mais prático, pois não precisa de lancha", explica Luiz Paladino, 19 anos. Também ex-surfista, ele tomou tanto gosto pelo kite que virou instrutor. De manhã, freqüenta a faculdade de arquitetura e, à tarde, ensina a alunos de sua idade as primeiras noções do esporte.
Mesmo exigindo força nas pernas e braços, o kitesurfe faz sucesso também entre as garotas. A estudante Camila Andries, 17 anos, demorou um pouco até convencer os pais de que o kite não era tão perigoso quanto pensavam. "Obedecendo às regras de segurança, não tem muito problema. É claro que é uma modalidade radical e pode machucar, por isso é preciso tomar cuidado", diz ela, que está tendo aulas e já comprou seu próprio kite e sua prancha (rosa, aliás). "Desde que vi kitesurfe pela primeira vez, fiquei apaixonada. Vou me dedicar para evoluir e conseguir fazer saltos legais."
Nesta temporada, não importa em que praia, represa ou lagoa você esteja passando as férias. Se avistar uns malucos em cima de uma pranchinha segurando um mini-pára-quedas, já sabe: são os caras mais descolados entre os atletas deste verão.
Mesmo que você não se arrisque a tentar, observe as manobras, curta os saltos, tire fotos. O kitesurfe veio para ficar.


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