São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Novelas do futebol

ROBERTO AVALLONE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fascinante por suas histórias e personagens, movido a paixão pela grande maioria -formada por torcedores fanáticos e também por românticos-, o futebol vive agora a era dos grandes negócios, colocando em destaque figuras emergentes: empresários, procuradores, assessores, "donos de direitos federativos" (o antigo passe) e quetais.
São interessantes, curiosas, digamos, essas figuras emergentes, personagens do futebol da nova era. Que tal um passeio aos bastidores do futebol, à prática, para que tudo não pareça ficção ou blablablá? Façamos, pois, pequenas novelas, cenas reais:
1) Moscou Contra 007: este foi um filme da série da qual não estou entre os fãs de carteirinha, embora torcesse por James Bond, agente invencível e emérito galanteador. Aqui, neste caso, quem seria o Bond corintiano contra a misteriosa parceria da MSI? São alguns os candidatos, os resistentes, seria injusto destacar um só. E Moscou, no caso, seriam os supostos investidores da parceria personificada pelo iraniano Kia Joorabchian, mas todos (segundo o vice Antonio Roque Citadini, que disse publicamente) "são soviéticos e têm dificuldades com a lei!".
Palavras de Citadini. Que fique claro: faço figa, cruzo os dedos e lanço um "Saravá, meu Pai", depois de ler, nesta Folha, de quem supostamente se trata o homem que estaria por trás do dinheiro, o homem que teve seu nome citado no programa do Milton Neves, na Record: Badri Parkatsishvili, controvertido magnata da Geórgia.
E quem o citou, todos sabem, foi o próprio presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Meu Deus! Se Badri for tudo isso, que os deuses do Olimpo me protejam e que James Bond me socorra! (Em tempo, que sou filho de Deus: se fosse você, não perderia hoje, no Bola na Rede, da Rede TV!, o debate entre Citadini e Lico Martins sobre a parceria e Tite).
2) Os Irmãos Karamazov (ou um filme mexicano que virou uma daquelas novelas chorosas, quando o tema central era o ciúme de dois amigos. Ou ex-amigos): ainda me valendo desta Folha, leio a reportagem sobre ciúmes e desencontros entre Dualib, octogenário presidente corintiano, e o jovem Kia, da MSI. Por considerar muito simpático e sorridente o senhor Dualib (recordista de títulos entre os presidentes corintianos), ah, confesso que temi por ele: ora, se for verdadeira a história de que ele irá receber salário como executivo da MSI, não estaria incorrendo em grave infração trabalhista? Cuidado: o senhor Dualib, quem sabe, pode até ser demitido. E ainda por justa causa? Ah, não, deve ser intriga. Intriga da oposição, pois não?
E não acredito que Dualib tenha falado tudo aquilo (relembrando o nome de Badri, o terrível magnata da Geórgia, e que Kia tem 30% da MSI) para mexer com o iraniano. Não acredito -deve ter sido um ato falho. Ou melhor: não acredito até a página 9. E o livro, feito novela, é bem grande.


Roberto Avallone é apresentador do programa "Bola na Rede", na Rede TV!
O colunista Tostão está em férias Fiel assessoria
Espero não ter ofendido nem ter ferido ninguém no texto ao lado. Porque senão, senão... Ah, lá vou de novo com o "Meu Deus!". Haja paciência para suportar as reclamações de fiéis assessores, muitas vezes por recados indiretos. Um dia, se houver chance, conversaremos sobre isso, caro leitor. É impagável: trata-se de um ramo novo, às vezes com a criatura usando estilo do criador (meu bom Felipão, como era verde e doce o nosso vale...), às vezes com ameaças de boicotar entrevistas se as críticas forem, digamos, pesadas. É, como diria o Kléber de Almeida (por onde andará?): "Não vive na flauta quem vive de fazer a pauta". Será isso? Hoje, Kléber, fazer a pauta é fácil. Difícil é driblar tantos melindres.

E-mail avallone@avallonecomunicacoes.com.br

Texto Anterior: Handebol: Seleção encerra Mundial com vitória
Próximo Texto: Palmeiras vai ao ABC, mas mira Tacuary
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.