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OLIMPÍADA
Operadora diz que comitê, obrigado por decreto a abrir concorrência, criou regra favorável a sua atual parceira
COB é contestado em primeira licitação
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ordem do presidente: entidades esportivas que recebem dinheiro dos cofres públicos precisam fazer licitação para selecionar
a melhor proposta para obras,
serviços, publicidade e locações.
O Comitê Olímpico Brasileiro
se empenhou para cumprir o decreto de Luiz Inácio Lula da Silva.
Só que, logo no primeiro passo,
esbarrou em uma celeuma.
Em dezembro, a entidade lançou seu processo licitatório inaugural, que visava escolher a agência de viagens oficial para o próximo ciclo olímpico -compreende
o período entre 2005 e 2008.
Duas empresas apresentaram
propostas de trabalho: a Tamoyo
Internacional, que já trabalha
com o comitê, e a Promotional
Travel, ambas com sede no Rio.
A primeira ganhou. A segunda
protestou. De acordo com a diretoria da agência derrotada, o regulamento dava vantagem para
os atuais parceiros do COB.
Os gastos com passagens aéreas
correspondem a quase 30% dos
recursos que a entidade presidida
por Carlos Arthur Nuzman recebe dos cofres públicos. A Lei Piva
repassa 2% da arrecadação bruta
das loterias federais às modalidades olímpicas e paraolímpicas.
Em 2003, por exemplo, o COB
angariou R$ 57,6 milhões da verba governamental por essa via.
Na seleção das agências, o comitê exigiu que as interessadas apresentassem certidões de entidades
como Organização Desportiva
Sul-Americana (Odesur), Organização Desportiva Pan-Americana
(Odepa) e Comitê Olímpico Internacional (COI) informando
que a empresa estava apta para
prestar o serviço.
É o elemento que motivou a discórdia. "Só uma agência que já
trabalha ou trabalhou com o COB
poderia oferecer esses documentos. Com uma determinação dessas, a seleção ficou direcionada.
Fomos prejudicados", conta Luiz
Campos, diretor da Promotional.
Ele diz que entrou com recurso
para derrubar essa exigência do
edital de lançamento da licitação.
Não teve êxito. "Não havia tempo hábil para conseguir as certidões porque já estávamos em dezembro e muitas das organizações citadas estavam em recesso.
A Tamoyo já tinha essa documentação", relata Campos.
Sua empresa crê que poderia
prestar o serviço mesmo sem o
aval requerido pelo COB.
"Emitimos cerca de 20 mil passagens por mês. Nossa idoneidade comercial e fiscal é incontestável. Se temos capacidade para carregar 10 mil médicos ou 10 mil
executivos para o exterior, por
que não podemos levar 10 mil
atletas também?", conta o diretor.
Cartolas olímpicos e paraolímpicos foram obrigados a selecionar propostas para obras e serviços a partir de 18 de abril de 2004,
quando o "Diário Oficial" trouxe
decreto de Lula regulamentando
a Lei Piva. O texto ampliava a responsabilidade dos dirigentes na
gestão dos recursos públicos.
A idéia de exigir licitações partiu
do Tribunal de Contas da União,
órgão que fiscaliza a aplicação das
verbas públicas federais.
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