São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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OLIMPÍADA
Evento seguiria o modelo da Copa do Mundo de 2002, que será disputada no Japão e na Coréia do Sul
Inchaço leva COI a discutir sede dupla para Jogos de 2012

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A Olimpíada de 2012, para a qual o Rio de Janeiro já se lançou candidato, poderá seguir os caminhos da Copa do Mundo de futebol e, em vez de ter apenas uma sede, passar a ter duas.
O assunto foi levantado em uma das reuniões do Comitê Executivo do COI, mas, como provocou muita polêmica entre seus 11 membros, acabou não sendo levado a público pelo departamento de comunicação da entidade.
A questão, que dividiu o comitê, só voltará a ser analisada depois dos Jogos de Sydney, marcados para setembro, quando o órgão terá a sua composição alterada -dos atuais 11 membros, passará a contar com 15 integrantes.
Um dos motivos para o assunto ter sido levantado é a dificuldade de Atenas para começar a organizar os Jogos de 2004.
Costas Bakouris, diretor do Comitê Olímpico Grego, admitiu que a cidade enfrenta problemas, que vão desde a escassez de recursos financeiros até dificuldades para recrutar pessoal.
Mas o dirigente grego não acha que a culpa seja só dos organizadores do projeto Atenas-2004. Para ele, como os Jogos Olímpicos não param de crescer e o número de modalidades e atletas participantes só tem aumentado, é difícil manter todas -ou quase todas- as competições em apenas uma cidade.
"Ou a Olimpíada encolhe ou não vai mais caber em apenas uma sede", disse ele à Folha.
Bakouris lembrou que, além de atletas, dirigentes, membros de comissões técnicas, jornalistas e patrocinadores, o fluxo de turistas é muito grande, o que faz das sedes olímpicas um caos.
Segundo ele, foi o que aconteceu em Atlanta, em 1996, e o que deve acontecer em Sydney, em setembro. "Por isso, para o futuro, a descentralização dos Jogos é uma coisa a ser estudada."
Bakouris disse ainda que os gregos, para dar conforto para todo mundo, tinham a intenção de construir uma Vila Olímpica também para os jornalistas e, se possível, outra para os turistas.
"Mas é muito caro e exige muito espaço vago para fazermos as construções."
Há, no entanto, quem ache que uma idéia dessas -duas sedes para os Jogos- pode descaracterizar o sentido da Olimpíada.
É o caso de João Havelange, único brasileiro membro ativo do COI -Sylvio de Magalhães Padilha, ex-presidente do COB, hoje é membro honorário e não participa mais das reuniões da entidade.
"É melhor ver o que vai acontecer na Copa de 2002 antes de pensarmos em qualquer coisa parecida para os Jogos Olímpicos", afirmou Havelange.
Quando a sede do Mundial de 2002 foi dividida entre dois países -Japão e Coréia do Sul-, o brasileiro, que ocupava a presidência da Fifa, defendia que ela tivesse apenas uma sede.
Caso, nos próximos anos, o COI opte mesmo por mais de uma cidade-sede, Havelange faz uma ressalva.
"Aí eu acho que deveriam escolher duas cidades no mesmo país. Fazendo em dois países diferentes, sempre há muitos problemas, seja de transporte de um lugar para o outro, seja pela diferença de moedas."
Para minimizar os problemas dos organizadores em montar a infra-estrutura de uma Olimpíada, o COI, além da discussão interna sobre a questão das duas sedes, quer investir mais no marketing dos Jogos e da entidade.
Por isso, a partir do encontro no Rio da Assembléia dos Comitês Olímpicos Nacionais (Acno), que acabaria ontem, um assunto que a entidade quer banir é o dos escândalos na escolha das sedes de suas principais competições.
O discurso unânime dos delegados é que a corrupção ocorrida foi um problema individual, não estrutural, e que, consequentemente, não teria atingido a imagem da entidade, nem de seus patrocinadores.
O curioso é que vários delegados desistiram de associar seus nomes não só a Sydney, mas também a Salt Lake City -sede dos Jogos de Inverno de 2002- e Atenas, sede de 2004.


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