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OLIMPÍADA
Evento seguiria o modelo da Copa do Mundo de 2002, que será disputada no Japão e na Coréia do Sul
Inchaço leva COI a discutir sede dupla para Jogos de 2012
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A Olimpíada de 2012, para a
qual o Rio de Janeiro já se lançou
candidato, poderá seguir os caminhos da Copa do Mundo de futebol e, em vez de ter apenas uma
sede, passar a ter duas.
O assunto foi levantado em uma
das reuniões do Comitê Executivo
do COI, mas, como provocou
muita polêmica entre seus 11
membros, acabou não sendo levado a público pelo departamento de comunicação da entidade.
A questão, que dividiu o comitê,
só voltará a ser analisada depois
dos Jogos de Sydney, marcados
para setembro, quando o órgão
terá a sua composição alterada
-dos atuais 11 membros, passará
a contar com 15 integrantes.
Um dos motivos para o assunto
ter sido levantado é a dificuldade
de Atenas para começar a organizar os Jogos de 2004.
Costas Bakouris, diretor do Comitê Olímpico Grego, admitiu
que a cidade enfrenta problemas,
que vão desde a escassez de recursos financeiros até dificuldades
para recrutar pessoal.
Mas o dirigente grego não acha
que a culpa seja só dos organizadores do projeto Atenas-2004. Para ele, como os Jogos Olímpicos
não param de crescer e o número
de modalidades e atletas participantes só tem aumentado, é difícil
manter todas -ou quase todas-
as competições em apenas uma
cidade.
"Ou a Olimpíada encolhe ou
não vai mais caber em apenas
uma sede", disse ele à Folha.
Bakouris lembrou que, além de
atletas, dirigentes, membros de
comissões técnicas, jornalistas e
patrocinadores, o fluxo de turistas
é muito grande, o que faz das sedes olímpicas um caos.
Segundo ele, foi o que aconteceu
em Atlanta, em 1996, e o que deve
acontecer em Sydney, em setembro. "Por isso, para o futuro, a
descentralização dos Jogos é uma
coisa a ser estudada."
Bakouris disse ainda que os gregos, para dar conforto para todo
mundo, tinham a intenção de
construir uma Vila Olímpica também para os jornalistas e, se possível, outra para os turistas.
"Mas é muito caro e exige muito
espaço vago para fazermos as
construções."
Há, no entanto, quem ache que
uma idéia dessas -duas sedes
para os Jogos- pode descaracterizar o sentido da Olimpíada.
É o caso de João Havelange, único brasileiro membro ativo do
COI -Sylvio de Magalhães Padilha, ex-presidente do COB, hoje é
membro honorário e não participa mais das reuniões da entidade.
"É melhor ver o que vai acontecer na Copa de 2002 antes de pensarmos em qualquer coisa parecida para os Jogos Olímpicos", afirmou Havelange.
Quando a sede do Mundial de
2002 foi dividida entre dois países
-Japão e Coréia do Sul-, o brasileiro, que ocupava a presidência
da Fifa, defendia que ela tivesse
apenas uma sede.
Caso, nos próximos anos, o COI
opte mesmo por mais de uma cidade-sede, Havelange faz uma
ressalva.
"Aí eu acho que deveriam escolher duas cidades no mesmo país.
Fazendo em dois países diferentes, sempre há muitos problemas,
seja de transporte de um lugar para o outro, seja pela diferença de
moedas."
Para minimizar os problemas
dos organizadores em montar a
infra-estrutura de uma Olimpíada, o COI, além da discussão interna sobre a questão das duas sedes, quer investir mais no marketing dos Jogos e da entidade.
Por isso, a partir do encontro no
Rio da Assembléia dos Comitês
Olímpicos Nacionais (Acno), que
acabaria ontem, um assunto que a
entidade quer banir é o dos escândalos na escolha das sedes de suas
principais competições.
O discurso unânime dos delegados é que a corrupção ocorrida foi
um problema individual, não estrutural, e que, consequentemente, não teria atingido a imagem da
entidade, nem de seus patrocinadores.
O curioso é que vários delegados desistiram de associar seus
nomes não só a Sydney, mas também a Salt Lake City -sede dos
Jogos de Inverno de 2002- e Atenas, sede de 2004.
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