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FUTEBOL
Após duas mortes e dezenas de feridos em jogos da Copa da Uefa, dirigente pretende investigar o "sensacionalismo"
Europa culpa a imprensa pela violência
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Uefa, entidade que controla o
futebol na Europa, está acusando
a imprensa ""sensacionalista" de
ter participação nos conflitos que
vêm ocorrendo recentemente em
partidas no continente.
Gerhard Aigner, chefe executivo da Uefa, concordou com a
abertura de uma investigação da
cobertura feita pela imprensa nos
jogos que tiveram incidentes.
O anúncio foi feito poucos dias
após choques entre torcedores ingleses e turcos terem deixado 19
feridos e mais de 40 presos na Dinamarca, antes da final da Copa
da Uefa, entre Arsenal e Galatasaray -na semifinal da competição, dois torcedores já haviam sido mortos.
Markus Studer, outro chefe executivo da Uefa, acredita que as televisões, especialmente, têm contribuído com a violência.
""Por que as câmeras de TV estão sempre na hora em que a primeira garrafa ou a primeira pedra
é atirada? Por que os torcedores
reagem quando vêem os jornalistas os filmando?", disse Studer.
O dirigente está comandando as
investigações nas ruas e nos locais
de Copenhague onde ocorreram
brigas e confrontos de torcedores.
""Nós precisamos questionar a
atitude de certos setores da imprensa que veiculam reportagens
sensacionalistas. Nós vamos investigar o papel da imprensa em
tudo isso, especialmente o jornalismo sensacionalista que vimos
na semana passada", disse.
Algumas emissoras de televisão,
como a norte-americana CNN,
exibiram durante vários minutos
imagens dos confrontos entre os
torcedores ingleses e turcos.
Boa parte das brigas ocorreu na
madrugada, em locais distantes
do estádio onde foi o jogo.
O temor de novos casos de violência é grande na Europa, pois
em junho acontecerá a Eurocopa,
torneio que levará torcedores de
pelo menos 16 países para Bélgica
e Holanda (leia texto abaixo).
No Brasil, onde uma nova ""onda" de mortos e feridos no futebol
foi detectada, o promotor Fernando Capez, inimigo número um
das torcidas organizadas, concorda com a tese de que a imprensa
contribui para a violência.
""Uma pessoa que vê a imagem
da televisão tem vontade de imitar. Quando você mostra um rosto de um torcedor violento, ele
passa a ser o protagonista do espetáculo. O identificado recebe às
vezes aplausos de seus companheiros. Encontrei cartas de
crianças, em uma torcida que foi
extinta, que tratavam os torcedores como ídolos", disse Capez.
De abril para cá, foram registradas duas mortes de torcedores em
meio ao Campeonato Paulista.
Capez entende que o trabalho
da imprensa é ambíguo.
""Tem um caráter duplo. Acho
que a cobertura da imprensa no
Brasil contribuiu até mais do que
prejudicou. É claro que há um
malefício, mas o prejuízo foi menor. A imprensa foi uma forte
aliada quando começou o combate à violência", disse o promotor.
Capez descartou qualquer investigação do trabalho da imprensa em São Paulo, como acontecerá na Europa. ""A gente consagra a Lei de Imprensa. Está em
nossa Constituição", declarou.
O promotor convocou uma
reunião inédita com os líderes das
torcidas organizadas. Pediu a ajuda dos mesmos para identificar
grupos da periferia que estariam
deixando a situação da violência
em São Paulo ""fora de controle".
Após a reunião, Capez prometeu que não haverá mais mortes
de torcedores até o término do
Campeonato Paulista.
Com agências internacionais
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