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Defesa de Elisângela aposta em "novidade científica'
da Reportagem Local
A defesa da brasileira Elisângela
Adriano, medalha de ouro no lançamento de disco no Pan-Americano de Winnipeg, vai apostar
numa espécie de "novidade científica" para sustentar a inocência.
Segundo Sérgio Coutinho Nogueira, presidente da equipe Funilense -à qual pertence Elisângela-, a maneira mais usual de
utilização da nandrolona é por
meio de um produto chamado
deca-durabolin. "Isso a gente sabe que ela não usou. Ela fez quatro
exames seguidos, e apenas um
deu positivo, o que seria impossível no caso do deca-durabolin."
O dirigente diz que o problema
de Elisângela pode estar relacionado a uma onda de casos de nandrolona -só neste mês, foram
pegos por doping da substância
dois importantes atletas: o britânico Linford Christie (ouro em
Barcelona-92) e a jamaicana Marlene Ottey (dona da terceira melhor marca da história nos 100 m).
"Todos disseram não ter injetado nada. Podem ter tomado algo
sem saber, algo que ainda não se
saiba que pode resultar num teste
positivo para nandrolona", diz.
O resultado positivo de Elisângela ocorreu em exame feito na
Universíade, Espanha, em julho.
Depois, ela competiu no Pan, ganhando o ouro. O doping ainda
não estava oficializado -embora
Elisângela admita que, informalmente, já sabia do resultado.
Em seguida, já conhecendo oficialmente o problema, Elisângela
foi à Espanha para o Mundial.
Lá chegando, ficou sabendo que
teria de aguardar o resultado da
contraprova para poder competir
-mas acabou sendo barrada.
Ontem, após uma reunião com
Elisângela, o brasileiro Eduardo
de Rose, membro da comissão
médica do Comitê Olímpico Internacional, decidiu analisar os
medicamentos que a atleta tomou
para auxiliar na defesa.
Para corroborar a tese de ingestão acidental, Coutinho enviou à
Folha trechos de uma reportagem
do jornal holandês "De Volkskrant", em que Arne Ljungvist,
chefe da comissão antidoping da
Iaaf (federação de atletismo), diz
que os casos de nandrolona podem estar ligados ao consumo de
suplementos alimentares.
"Pode haver pequenas quantidades de anabólicos nesses suplementos, apesar de isso não ser
mencionado nas bulas. Isso poderia ser a causa dos resultados positivos", afirma Ljungvist.
O sueco, no entanto, faz uma
ressalva: "Os atletas continuam
sendo responsáveis pelo que é encontrado em seu organismo".
Marcelo Regazzini, especialista
em medicina esportiva da USP
(Universidade de São Paulo), diz
que certas substâncias, chamadas
precursores de nandrolona, poderiam ser ingeridas misturadas a
outros componentes. E, dentro
do organismo, poderiam se transformar em nandrolona.
O destino de Elisângela está nas
mãos da Iaaf, que, caso a condene
(o resultado pode sair só no fim
do ano), deverá anular seus resultados desde a Universíade. Com
isso, o Brasil deixaria para a Argentina o quarto lugar no Pan.
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