São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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ATLETISMO
Michael Johnson (EUA) faz o recorde mundial nos 400 m; Sanderlei Parrela dá ao país a 1� medalha
Brasil é prata em prova com recorde

Reuters
Sanderlei Parrela comemora a prata nos 400 m rasos


da Reportagem Local

e das agências internacionais

No mesmo dia em que foi quebrado o mais antigo recorde mundial masculino em provas de pista no atletismo, um brasileiro igualou a melhor marca do país em Mundiais da modalidade.
Na final dos 400 m rasos do Mundial de Sevilha (Espanha), o sétimo da história, o norte-americano Michael Johnson, 31, marcou 43s18, levou a medalha de ouro e bateu o recorde de seu compatriota Harry Butch Reynolds (43s29), de 17 de agosto de 1988.
No atletismo, entre os homens, só há recordes mais antigos no lançamento do disco e no arremesso de martelo (de 1986) e na marcha de 50 km (de 1987).
Também nos 400 m, o brasileiro Sanderlei Parrela, 24, fez 44s29, novo recorde sul-americano, e ganhou a prata, primeira medalha do Brasil nesta competição.
Parrela, nascido em Santos (SP), tornou-se o segundo brasileiro na história a levar uma prata em Mundiais. O primeiro foi Zequinha Barbosa, em Tóquio-91, na prova dos 800 m.
Após a conquista, Parrela chorou. "Tenho que chorar, é a única forma de demonstrar o que estou sentindo", afirmou ele, que dedicou a medalha a seus pais, a sua mulher, aos amigos e ao treinador Luiz Alberto de Oliveira.
"É um momento de alegria, e quero dividir com todo mundo. É uma conquista muito importante para o atletismo brasileiro", acrescentou ele.
Na prova, o norte-americano Johnson, que foi ouro em Atlanta-96, mostrou sua superioridade, e Parrela, em um último esforço na reta final, levou vantagem sobre o mexicano Alejandro Cárdenas -ambos haviam marcado o segundo melhor tempo das semifinais (44s37), atrás de Johnson (43s95). Cárdenas conquistou o bronze, com 44s31.
Ciente de que Johnson é considerado imbatível nos 400 m, Parrela afirmou que o gosto foi do ouro. "Mesmo ficando em segundo, é como se tivesse vencido."
Hoje, outros dois brasileiros (Claudinei Quirino e Eronilde Araújo) tentam um ouro inédito para o Brasil (leia nesta página).
Quanto a Johnson, foi sua oitava medalha de ouro conquistada em Mundiais -mesmo número de seu compatriota Carl Lewis, especialista em provas curtas (100 m e 200 m rasos) e no salto em distância e hoje aposentado.
Depois de enfrentar várias contusões nos dois últimos anos e receber críticas da imprensa, que passou a duvidar de sua recuperação, o norte-americano afirmou que nunca pensou que não pudesse se recuperar.
Para este Mundial, Johnson estava certo de que poderia apresentar uma excelente performance nos 400 m, tanto que desistiu de correr também os 200 m, prova em que é recordista mundial.
Na Olimpíada de Sydney-2000, ele já adianta que quer repetir seu desempenho em Atlanta-96 e ganhar as duas provas novamente.
E afirmou que, pelo menos nos 400 m, pode ser ainda mais veloz.
"Um recorde mundial é sempre um recorde mundial, mas sei que posso melhorar mais. Em meu atual estado físico, posso correr em 42 segundos. Nego-me a aceitar que não possa fazê-lo."


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