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PAN-AMERICANO
Além de país ser habitat ideal para grupos radicais, evento pode ser usado como vitrine para o mundo
Rio-07 é alvo de terroristas, diz especialista
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Jogos Pan-Americanos do
Rio de Janeiro, em 2007, reúnem
as condições ideais para um ataque terrorista sem precedentes.
A frase, que à primeira vista pode parecer exagerada ou fatalista,
é resultado de análises e observações de Yonah Alexander, diretor
do Centro Internacional de Estudos sobre o Terrorismo, em Washington, que dedicou 40 anos de
estudos ao tema e é dono de mais
de 70 livros sobre o terrorismo.
"Que jeito melhor os terroristas
podiam encontrar para focar as
atenções em suas ideologias e
princípios que um evento espetacular como este, em que haverá
cobertura massiva das TVs",
questionou Alexander, que falou
à Folha por telefone, dos EUA.
O pesquisador esteve no Rio em
agosto passado para ministrar
uma palestra sobre o assunto, a
convite do Ministério da Justiça,
na qual, segundo ele, estiveram
presentes pessoas relacionadas
com a segurança do Pan. Ele ainda participou de conferências em
São Paulo, Brasília e Fortaleza.
Depois da visita ao país, Alexander publicou, no mês passado,
um artigo no diário norte-americano "Washington Times" intitulado "Brasil, o próximo alvo", no
qual detalha os motivos pelos
quais acredita que os Jogos no Rio
sejam um alvo em potencial.
"Infelizmente o Brasil é um
bom habitat para grupos terroristas. Não falo sobre os brasileiros
especificamente, mas sobre pessoas que se aproveitam da hospitalidade e do fato de ser um país
grande, com muitas fronteiras."
Segundo o pesquisador, vários
elementos propiciam este cenário, como a forte e cada vez maior
ligação entre grupos terroristas
como Al Qaeda, Hamas e Hizbollah e criminosos "normais", como os que proliferam no país.
A corrupção, os altos índices de
criminalidade, o tráfico de drogas, entre outras atividades ilegais
também colaboram para isso.
Para Alexander, outro problema grande é o fato de os brasileiros não reconhecerem o terrorismo como uma ameaça real ao
país. "Há uma crença no país de
que Deus é brasileiro, mas temos
que perceber que para essas pessoas isso não importa, Deus é o
deus deles", disse o pesquisador.
"Os brasileiros precisam perceber que não são imunes ao terrorismo. Estamos todos no mesmo
barco. Ataques contra um são ataques contra todos", completou.
Alexander faz outro alerta e diz
que é necessário ter em mente que
um eventual ataque terrorista durante o Pan não teria como alvo
principal o Brasil especificamente, e sim americanos, por exemplo. "Não há limite para a imaginação dos terroristas tanto em
termos de atrocidades como de
alvos, por isso é muito difícil se
prevenir. É muito diferente de
uma guerra, pois sabemos quem é
o inimigo e de onde vem", disse.
A enorme quantidade de pontos frágeis em um evento deste
porte é um dos maiores motivos
de preocupação. O perigo pode
estar em locais turísticos, na Vila
Pan-Americana, em hotéis e prédios do governo. E há outros tipos
de ameaça, como envenenamento da água, de alimentos e inclusive boicotes na comunicação.
Procurado pela reportagem, o
Co-Rio, comitê organizador do
Jogos, disse que não comenta sobre o esquema de segurança do
Pan e que ele ficará a cargo do governo federal. Ainda não há definição, porém, de quem será responsável, se o Ministério da Justiça ou o da Defesa. Estima-se que o
gasto com a segurança, que terá
ajuda da Agência Brasileira de Inteligência, será de R$ 350 milhões.
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