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FUTEBOL
Na era dos pontos corridos, resultados alterados pelo STJD seriam suficientes para dar a um time título da Série A
Ativo, tapetão faz campanha de campeão
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os pontos tirados ou dados aos
clubes pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na
era dos pontos corridos do Brasileiro são suficientes para produzir
o campeão de 2005.
Na contramão de outras potências da bola, em que raramente os
resultados dos gramados são modificados nos tribunais, o Brasil
viu 88 pontos serem subtraídos
ou somados para os totais dos
clubes nos últimos três anos depois de ações do STJD -diretas,
como em 2003 e 2004, ou indiretas, como agora.
Caso consiga se manter na liderança e com seu aproveitamento
atual, o Corinthians será campeão
com 87 pontos em 42 partidas ao
longo dos dois turnos (já considerando a rodada de ontem, quando
o clube venceu o Paraná no estádio do Pacaembu).
Os 88 pontos podem aumentar
nos próximos dias, quando serão
realizados os três confrontos que
ainda restam na lista dos que foram reeditados por culpa do escândalo da arbitragem.
Se mantida a tendência de resultados diferentes dos originais, a
pontuação que mudou de dono
por ação do tribunal pode bater
nos 100, marca alcançada até hoje
em um Brasileiro somente pelo
Cruzeiro, em 2003.
Nas três edições dos pontos corridos, foram diferentes os motivos da "fúria do STJD".
Em 2003, a culpa foi da falta de
organização na inscrição dos jogadores. No ano passado, só o São
Caetano rodou, por causa da
morte do zagueiro Serginho -o
clube do ABC foi punido com a
perda de 24 pontos, que dessa vez
não foram repassados para os adversários. A atual edição começou
com o Brasiliense perdendo pontos para o Vasco por jogar, mesmo sem poder fazer isso, com os
portões abertos.
O efeito tapetão já mudou posições importantes -em 2003, o
São Caetano só ficou com a vaga
na Libertadores com a ajuda de
pontos conquistados no STJD.
No ano passado, em compensação, o clube do ABC perdeu uma
vaga na Copa Sul-Americana pelos pontos que teve sacados no caso Serginho.
Ar-condicionado
Quem perde no tribunal o que
ganhou em campo se revolta.
"Tomar uma decisão dessas
dentro de uma sala com ar-condicionado é fácil. Não é ele quem
vem aqui treinar todos os dias",
afirmou o santista Giovanni, referindo-se a Luiz Zveiter.
O presidente do STJD optou sozinho, no início, pela anulação das
11 partidas apitadas pelo juiz Edilson Pereira de Carvalho, que confessou participar de um esquema
de manipulação de resultados.
Zveiter, aliás, esteve quase sempre à frente das decisões que fizeram mudar de mãos 88 pontos
em menos de três anos.
Ele diz que só segue o que manda a lei esportiva, mas seu comportamento é muito contestado.
Além da revolta de alguns dirigentes e muitos jogadores, pode
perder o cargo no tribunal esportivo, já que o Conselho Nacional
de Justiça analisa se ele pode acumular o emprego de desembargador com o STJD.
A fúria do tribunal na primeira
divisão não acontece com a mesma intensidade nas outras séries.
Até agora, nenhuma partida da
atual Série B teve seu resultado
mudado no tribunal. Nem mesmo aquelas apitadas por Paulo José Danelon, o outro envolvido no
mesmo esquema de arbitragem
responsável pela anulação parcial
dos duelos da Série A.
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